Depoimentos da Comissão julgadora do 1º Concurso de Consciência Negra

Marina Feldhues

Primeiramente gostaria de agradecer o convite para participar como júri do concurso de fotografia Consciência Negra, foi um prazer poder apreciar produções tão potentes afetiva e simbolicamente. Parabéns ao curso de fotografia. É muito importante incentivar os alunos a produzirem imagens que enalteçam a beleza e a importância do povo e da cultura negra. É preciso combater as imagens de subjugação racial ainda tão presentes nas mídias. Imagens colonizadoras se combatem como imagens resolutivas. Como diz Nego Bispo, imagens resolutivas são remédios, trazem cura. A fotografia pode e deve ser usada para a emancipação do nosso imaginário social. Para nossa cura coletiva como seres humanos que habitam o mesmo planeta. Isto é, a fotografia pode e deve contribuir na luta antirracista que é de todos nós.

Clovis Cabral

A ARTE DE FOTOGRAFAR A BELEZA NEGRA

É fácil tirar uma foto, mas o que realmente fazia a diferença era que eu sempre sabia encontrar a posição certa, e nunca me enganava. A cabeça um pouquinho virada para um lado, um rosto sério, a posição das mãosEu era capaz de fazer uma pessoa ficar realmente bonita.

A frase acima é da autoria de Seydou Këita, fotógrafo africano, nascido no Mali. Este fotógrafo malinês foi o responsável por criar uma nova imagem do negro no início do século passado. Signos de sofisticação e empoderamento usados por ele em suas fotografias inspiram artistas e são retratados até os dias de hoje.

A vida e a arte de Seydou Këita servem como fontes inspiradoras para esse breve comentário sobre a importância deste Primeiro Concurso de Fotografia sobre a temática da Consciência Negra.

Quando o Curso de Fotografia da Unicap decide amparado pela Lei 10.639/2003(que demanda a obrigatoriedade do ensino da história da África e dos afro-brasileiros no Sistema de Ensino Brasileiro, alterando a Lei de Diretrizes e Base da Educação no Brasil) e provocado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas, está em sintonia com todo um processo de luta contra uma noção de “esterilidade ontológica e epistemológica” dos povos africanos e afro-diaspóricos, o Brasil no meio.

Esse processo de apagamento da contribuição histórica dos povos africanos para a construção do patrimônio material e imaterial da humanidade implica também na desconstrução imagética e simbólica, portanto do “enfeiamento” da imagem da pessoa negra. A pessoa negra é inferior, seus traços são grosseiros, seus cabelos crespos, a sua cor de pele é preta, sem luz… O negro, a negra são esteticamente feios, segundo os padrões da “branquitude eurocêntrica”.

Esse concurso vai, pois na contra mão desse argumento racista e aporofóbico, ao propor que a partir da arte da fotografia seja capturada a “beleza negra” em toda a sua rica diversidade estética.

A arte de fotografar a beleza negra acontece quando pomos em prática um dos tantos ensinamentos do Mestre Henri Cartier Bresson: “Fotografar é colocar na mesma linha, a cabeça, o olho e o coração”.

Que este seja o primeiro de uma serie de eventos que possuem como objetivo, celebrar a beleza plural do povo brasileiro…  Estão de parabéns todas as pessoas que dentro de uma cultura político-pedagógica rica em diversidade contribuíram para o sucesso desse empreendimento… Ser negra, ser negro é lindoBlack is beautiful!

Rodrigo Carvalho – jornalista

Achei a fotografia muito viva e casou perfeitamente com a proposta do vídeo. Foca apenas na relação das pessoas com a fé nestes tempos turbulentos em que vivemos hoje.
Raphael Sagatio – montador e pós-produtor audiovisual

Qualquer manifestação de fé e religiosidade é sempre válido. O Culto a religiões de matrizes africanas não é cultuar o mal como costumamos ouvir por aí. É preciso desmitificar isso. Fé e religião são para todos, independente da cor ou classe social devemos respeitar as escolhas e a fé de cada um.

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