Nesta quarta-feira (31), às 18h, pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco promovem o lançamento da Coletânea “Pernambuco na mira do Golpe”. Co-organizada pelos doutores em História Marcília Gama da Silva e Thiago Nunes Soares e dividida em três volumes, a coletânea reúne diversos artigos sobre o Estado no período em que se instalou a Ditadura Militar no Brasil (1964—1985). Dentre os integrantes estão os pesquisadores da Fundaj Rita de Cássia Araújo e Túlio Velho Barreto, que participam da live. A coletânea pode ser conferida gratuitamente em editorafi.org/059golpe. “A publicação da coletânea ‘Pernambuco na mira do golpe’ preenche uma enorme lacuna no âmbito da historiografia brasileira a respeito do golpe civil-militar de 1964 na medida em que faz emergir Pernambuco como um dos estados que estiveram no olho do furacão dos acontecimento que o antecedeu”, avalia Túlio, que assina o capítulo “O que ‘1964’ nos ensina sobre os dias atuais: impeachment, sequestros, torturas e mortes em tempos de ditadura” (volume 2). Nele, relembra o Movimento de Cultura Popular, o educador Paulo Freire e o exílio de Miguel Arraes. O capítulo escrito pelo pesquisador trata das consequências do golpe de 1964 para os opositores do regime ditatorial. “Foi em Pernambuco que proliferam as ligas camponesas, a partir da atuação e luta de Zezé da Galiléia, abraçadas e impulsionadas por Francisco Julião, e os sindicatos de trabalhos rurais, sob a liderança de Gregório Bezerra, Celeste Vidal, Júlio Santana, entre outros”, aponta. “Pernambuco foi um dos estados mais atingidos pela repressão, assim como suas lideranças políticas e sindicais. Portanto, após anos de certo esquecimento, essa coletânea recoloca o estado e suas personagens no papel de protagonistas daqueles acontecimentos”, finaliza o pesquisador. A cidade inchada Para pensar o Recife do Período Militar, a pesquisadora do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra) Rita de Cássia Araújo analisa registros do fotógrafo Wilson Carneiro da Cunha, entre os anos 1960 a 1980. “Vou me debruçar a partir do olhar dele para pensar o Recife na época dos generais”, explica. Autora do capítulo “Uma ‘feira de mangaios’:o Recife fotografado no tempo dos generais, 1960-1980” (volume 1), Rita se baseia inteiramente na Coleção Wilson Carneiro da Cunha, do Cehibra. Ao todo, o acervo do fotógrafo reúne 2.841 documentos, entre acetatos, negativos e fotografias impressas. De acordo com a pesquisadora, Wilson Carneiro da Cunha começou a atuar como fotógrafo no final da década de 1930. Residente no bairro de São José, área central do Recife, ele monta um quiosque de fotografia na Rua Nova, em 1952. Avesso aos estúdios fotográficos convencionais, Wilson expunha na rua registros de sua autoria e coleções históricas do Recife. Em sua trajetória, atuou também como fotojornalista, com contribuições para os jornais locais. “Ele se interessava pelos registros conhecidos como ‘instantâneo de rua’, que capturavam flagrantes do cotidiano, e sujeitos marginais da cidade, como pessoas em situação de rua e ambulantes.”
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