Nesta quinta-feira (19), o estado do Amapá chegou ao 17º dia de crise no fornecimento de energia elétrica. A população sofre com a falta de alimento, abastecimento de água e prejuízo financeiro.
Desde o dia 3 de novembro, 13 das 16 cidades do estado, incluindo a capital Macapá, estão sofrendo com um apagão, que deixou o estado em situação de emergência. A falta de energia teve início quando durante fortes chuvas, uma explosão causou um incêndio na mais importante subestação de energia do estado. Desde então, a população vem sofrendo com o descaso e a falta de assistência governamental. Alimentos foram perdidos e o prejuízo para população é incalculável.
No último dia 8, a energia começou a voltar em forma de rodízio, mas mesmo assim, de acordo com os moradores o sistema ainda é instável, e a energia fica indo e voltando. Na noite da última segunda-feira (16), um novo apagão foi registrado nas 13 cidades. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou o novo apagão e disse que as causas ainda estão sendo investigadas.
Embora a empresa fornecedora de energia do Amapá seja administrada por um grupo privado, é de obrigação do Poder Público Federal, cobrar e fiscalizar o fornecimento de energia em todo país. De acordo com o ex-diretor da Chesf e engenheiro eletricista aposentado, José Ailton de Lima, a população deve cobrar do Governo Federal uma medida, que por sua vez, deve tomar atitudes imediatas para o restabelecimento da energia. “O governo tem a responsabilidade de fiscalizar o serviço público prestado, seja por uma empresa privada ou estatal”, explicou.
Um transformador reserva que estava quebrado há quase um ano, é também responsável pela demora no restabelecimento de energia no estado. De acordo com José Ailton, a dificuldade de achar um transformador reserva no Brasil, é que esses transformadores são equipamentos projetados especificamente para aquela região. “O principal erro nesta questão foi deixar o transformador de reserva quebrado por quase um ano. Quando o primeiro transformador pegou fogo era para esta reserva entrar e substituir o que estava pegando fogo. Quando o segundo transformador pegou fogo já não havia muito que se fazer.” explicou.
Nessa sucessiva de erros do Governo Federal, que não fiscalizou direito, e da empresa privada responsável que negligenciou os equipamentos, a população mais vulnerável é a que mais sofre. Em plena crise da pandemia do coronavírus, hospitais estão sem energia, o abastecimento de água foi comprometido, e os alimentos conservados foram perdidos. No entanto, a lei garante à população o ressarcimento, por parte da empresa, dos prejuízos causados. Mas de acordo com José Ailton a situação é muito crítica, pois tem que se levar em consideração que é quase uma população inteira de um estado da Federação. “Algumas dessas perdas não podem ser ressarcidas financeiramente. É uma situação muito crítica.”, disse o ex-diretor da Chesf.
O eletricista aposentado ressaltou ainda que o Governo Federal não fornece informações precisas à população, por exemplo, dizer a carga total de megawatt. “Os transformadores teriam que ter uma capacidade maior do que a carga total. Mas veja que nas matérias publicadas o Governo não informa a carga e nem a capacidade dos transformadores. Assim fica mais fácil manipular a opinião pública.”, completou.
Texto: Micael Morais
Foto: GloboNews/Reprodução