Não é de hoje que o sistema educacional brasileiro sofre com a evasão escolar, mas devido a pandemia do novo coronavírus, o ensino remoto tem deixado cada vez mais os alunos desmotivados e com isso o desinteresse nos estudos tem aumentado. A falta de acompanhamento psicológico, a situação financeira e familiar, são outros motivos que levam os estudantes a desistir dos estudos.
Evasão escolar é o termo utilizado para designar o abandono da vida letiva por parte dos estudantes, ele tem motivos diversos, e suas consequências são ainda mais perigosas. Em um debate realizado pela disciplina de Rádio, no último dia 23 de outubro, com estudantes do curso de jornalismo da UNICAP, o Professor e ex-Deputado Federal Paulo Rubens explicou que “a evasão escolar é consequência de um modelo econômico e educacional, eu me alinho nessa situação ao antropólogo Darcy Ribeiro que deixou muito clara a sua opinião. A situação precária da educação brasileira é consequência de um projeto de precarização da escola pública, gratuita e de qualidade… Mas acima de tudo é consequência de um modelo econômico que produz desigualdade.” Disse.
O problema do abandono escolar passa também pela negligência do poder público em garantir o acesso à educação por não facilitar a vida dos estudantes em situações de vulnerabilidade, o que fere a constituição federal em seu artigo 205 do capítulo 3º. Segundo Paulo Rubens “A nossa Constituição de 1988 estabeleceu 54 anos depois da Constituição de 1934 que nós teríamos que vincular uma parcela dos orçamentos públicos para garantir investimentos mínimos em educação. Foi assim que conseguimos que a União destinasse pelo menos 18% da sua receita líquida de impostos para educação e os estados e municípios pelo menos 25%.” explicou.
Entrevistando alguns estudantes da Rede Pública Estadual de Pernambuco, uma queixa comum relatada por eles foi a metodologia e os horários irregulares do ensino remoto. Com isso surge um novo problema, o retorno às aulas presenciais no pós pandemia. Em entrevista ao site da fundação Lemann publicada no dia 14 de setembro, o Presidente da Fundação, Denis Mizne explicou que “O risco de evasão foi potencializado pela pandemia, temos que agir agora para evitar que os alunos abandonem a escola. O direito à educação precisa ser garantido e o futuro dessas crianças, protegido”.
Para tentar combater esse possível cenário de alta da evasão escolar, a Fundação Lemann, a Fundação Roberto Marinho e outras mais de 20 instituições sociais que atuam com educação pública se uniram para criar uma plataforma que ajude os gestores, professores e familiares a aprenderem alternativas e ter orientações de ensino para os estudantes. A plataforma se chama “Aprendendo sempre” e está disponível no link (https://aprendendosempre.org/).
Texto: Micael Morais e Ernani Tavares
Foto: Reprodução Cidadania 23