Em todo o mundo, a resposta à COVID-19 tem sido amplamente baseada no distanciamento físico, embora, infelizmente, isso tenha sido referido nos discursos formal e informal de forma direta como distanciamento social. Há uma grande diferença entre os dois conceitos. O distanciamento físico não exclui necessariamente a conexão social; por outro lado, o distanciamento social, inevitavelmente, pressupõe a desconexão.
Entretanto, para que o distanciamento físico também não ocasione distanciamento social e desconexão interpessoal, certas condições sociais devem ser atendidas e disponibilizadas de maneira indiscriminada. Isso inclui, em primeiro lugar, o acesso à infraestrutura básica, como abrigo, internet e necessidades básicas da vida diária. Infelizmente, em todo o mundo, e mesmo em algumas sociedades desenvolvidas, nem sempre é isso que acontece. As desigualdades sociais arraigadas e a marginalização econômica tiveram como resultado o fato de que grandes proporções das populações mundiais são privadas das necessidades humanas mais básicas, sem falar da capacidade de estar fisicamente distantes e, ao mesmo tempo, socialmente conectadas e apoiadas de forma adequada para atender às necessidades de vida.
O problema das desigualdades sociais e econômicas estão ampliando o desafio de administrar a rápida propagação da COVID-19 em todo o mundo, mas o que também emergiu daí foi o racismo sistemático, especialmente contra pessoas de origem asiática, nas sociedades ocidentais de emigrantes. Na verdade, há muitas evidências anedóticas de ataques racistas em muitos países. Este não é um fenômeno totalmente novo; um conjunto significativo de evidências existentes mostra que, em tempos de crises – sejam elas econômicas, ambientais, de segurança ou relacionadas à saúde –, muitas vezes, os grupos minoritários são transformados em bodes expiatórios e sujeitos a discursos e práticas racistas, excludentes e violentos.
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