A pandemia da Covid-19 atingiu diversas áreas. Entre elas, a educação. Alunos e professores de Universidades em todo o Brasil precisaram redescobrir novos métodos de interação, e a tecnologia foi essencial para que o ensino não ficasse em inércia. Mas será que as instituições estão prontas para receber os alunos mais um período de forma remota?
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É importante ressaltar que o EAD é diferente do ensino remoto, adotado com urgência por inúmeras faculdades brasileiras. O EAD, tem toda sua dinâmica voltada para o ensino a distância. Enquanto, com ensino remoto, os professores tiveram que adaptar suas aulas, que já estavam em curso, para o mundo virtual temporariamente. Muitos professores foram resistentes à tecnologia, usando sempre os métodos tradicionais de ensino. Mas, agora que se tornaram necessárias, todos foram “forçados” a se adaptar, pois não havia outro caminho.
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De um modo geral, nas universidades particulares os professores puderam sair na frente, pois já estavam se acostumando com o uso da tecnologia. “O fato de termos iniciado o ano participando da capacitação do classroom também ajudou bastante. Além disso, a Unicap disponibilizou alguns softwares e alguns equipamentos que também ajudaram. Além disso, o apoio dos colegas dos laboratórios, mesmo que remotamente foi bem importante.” Disse a professora de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, Aline Grego.
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Mas o mesmo não aconteceu nas universidades públicas. Anna Clara Souza, estudante de História da Universidade de São Paulo, afirma que não houve o mesmo conforto com os professores da universidade que estuda. “A gente tem uma realidade com centenas de professores que não estão acostumados com esse formato de aula que não tiveram instrução sobre como fazer transição para esse universo virtual e que tão precisando se virar para tentar aprender essa nova linguagem em formato de conteúdo da internet,” disse a estudante. “Eu tenho professores que não sabiam fazer uma chamada de vídeo, ou criar uma pasta de Google Drive, até essa pandemia, e não tiveram nenhuma ajuda de órgãos da educação pública pra aprender fazer isso, e estão tendo que se virar pra aprender a fazer sozinho.”
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Para a professora Aline Grego, o primeiro semestre do ano serviu para aprendizado dos professores, para que eles descobrissem como lidar com a situação. “Acredito que estamos todos preparados. O susto inicial passou e todos nós aprendemos a conviver com as novas exigências e as possibilidades oferecidas pela tecnologia.” Para professores, a situação começa a entrar nos eixos, mas não acontece o mesmo para todos os alunos.
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A futura historiadora, Anna Clara, acredita que é utópico dizer que todos podem continuar estudando de forma remota. “A realidade que a gente tem, é a realidade de centenas de alunos da Universidade que não tem recursos materiais para conseguir tocar esse ensino remoto. Esses alunos ou estão trancando o curso ou estão levando um semestre inteiro da graduação com celular, muitas vezes com um pacote limitado de 3G […]” Levando em conta que para o EAD, os alunos já começam enxergando a necessidade do uso acessórios tecnológicos para aulas, com o ensino remoto, os alunos foram pegos de surpresa.
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Além disso, deve-se levar em conta um contexto geral da situação de muitos alunos que não encontram em casa uma situação confortável para estudar e assistir aulas. Além de questões de saúde mental, como ansiedade e depressão, quem podem se agravar diante do contexto da pandemia mundial. São muitos os fatores que levam um aluno a não conseguir se focar nas aulas.
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Na universidade particular, as aulas práticas também tiveram continuidade. A professora Aline Grego, teve ajuda de colegas de trabalho para ministrar a cadeira de Vídeojornalismo, e afirma que os alunos se saíram bem. “Fizeram vídeos maravilhosos sobre o período do isolamento social, captando imagens com celular e editando em casa.”
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A estudante da USP, não enxerga o ensino remoto com bons olhos. “A gente precisa entender, que a forma como isso tá acontecendo hoje, abre diversas margens que vão ser utilizadas para fortalecer a precarização e o desmonte da universidade pública. E é necessário que se entenda isso para ser ativamente contra isso.”
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Já a professora da Unicap, segue esperançosa sobre o próximo período. “Eu espero que alunos e alunas e nós professores sigamos com a mesma determinação e vontade para conquistarmos bons resultados. Minhas disciplinas no próximo semestre serão diferentes das ministradas no semestre passado. Espero ter tempo hábil para preparar parte do material a ser trabalhado antes do início das aulas e espero que uma vacina de fato possa ser a solução para nossas vidas ainda esse ano. Trabalhar remotamente é bom, mas poder encontrar, presencialmente, alunos e alunas, bem como os colegas professores e funcionários é ainda melhor. “