Isolamento reforça questões sociais no Brasil: fome e violência doméstica

O isolamento social é um procedimento de extrema importância para segurança no cenário de pandemia atual. Mas, para mulheres e crianças de comunidades mais pobres, ficar em tempo integral em casa é sinônimo de fome e violência doméstica. Com a necessidade de afastamento social, há uma redução de renda de parte da população que se encontra desempregada e para trabalhadores informais, e essa redução acarreta uma contenção de alimentos. O impacto da pandemia ainda vai além, o aumento do estresse como consequência dos problemas econômicos e isolamento social tem colocado vítimas de agressão doméstica em situação de vulnerabilidade. Elas têm se tornado vítimas indiretas da Covid-19, o que mostra que o Coronavírus é tão perigoso nas ruas, quanto dentro de alguns lares.

Essencial para o controle de crescimento da curva de contaminação, a quarentena tranquiliza famílias que podem manter-se em casa, protegidas do vírus. No entanto, a tensão aumenta para mulheres e crianças que não veem no lar um lugar de acolhimento e segurança. Diante da dificuldade em relação à renda, mulheres se preocupam com a alimentação de suas crianças, que por sua vez, terão uma dieta reduzida. Isso acontece porque muitas crianças tinham boa parte de suas refeições feitas em escolas e creches, mas agora esses locais estão fechados em decorrência do isolamento. A tensão aumenta também para aquelas que sofrem violência sexual e de gênero, abusos psicológicos e etc. O aumento de registro de casos de violência doméstica, mostra que ela é uma das consequências da Covid-19. Antes, o deslocamento social era uma forma de ir a delegacias e registrar o caso, no entanto, o afastamento social não permite que vítimas saiam de casa.

Em alguns casos, a fome pode se tornar maior que o medo de se infectar, e famílias vão às ruas para buscar maneiras de se alimentar e de conseguir uma renda extra, quebrando o isolamento e correndo riscos, aumentando curva de contaminação. A questão da fome vai para além dos lares brasileiros. A população de rua também vem sofrendo com o isolamento. Com bares e restaurantes fechados e a falta de circulação de pessoas, moradores de rua não têm quase nenhum auxílio. Poucas são as medidas tomadas pelo governo para ampará-los, portanto, eles contam apenas com alguns agentes solidários e ONGs que têm se preocupado em distribuir refeições para essa população.

Ainda que o número de casos tenha aumentado agressivamente, há um medo de subnotificação desses casos. A violência doméstica pode ser considerada um problema social, não somente de autoridades e do casal. Por isso, é importante que todos busquem formas de ajudar a combater, seja divulgando informações, ficando em alerta para oferecer ajuda a vítimas próximas, se manifestar diante de algum tipo demonstração violenta, caso conheça vítimas, tentar manter contato, além de medidas que podem ser tomadas pelo governo – como o apelo feito por Antônio Guterres, secretário-geral da ONU –, até os meios de comunicação de massa podem ajudar. A forma mais conhecida de denúncia é através do telefone 180, que pode ser feita anonimamente. Mas hoje, já existem outros processos de denúncia, como aplicativos, sites, entre outros. O importante, é ajudar mulheres a não se tornarem estatísticas da violência.

 

Máteria: Odara Hana

Foto: Kemmido/Freepik

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