Projeto Memórias Indigenistas no Nordeste lança álbuns e filme etnográfico sobre a história da resistência indígena em nossa região.
os materiais poderão ser acessados de forma gratuita no site do projeto
Serão lançados no próximo dia 06 de agosto, às 18:30, no bloco G.4, da Universidade Católica de Pernambuco, o CD “Memórias Sonoras” e o filme etnográfico “O Corte dos Arames”. Os materiais são resultado de ações do projeto Memórias Indigenistas no Nordeste.
No dia do evento o filme será exibido e exemplares do CD poderão ser acessados. Haverá uma roda de conversa com a coordenação do projeto e as produtoras do material, integrantes do Cimi, bem como com indígenas que participaram do processo. No dia do evento também será lançado o site do projeto, que já pode ser acessado através do link https://memoriaindigenista.wixsite.com/mine, após o lançamento os materiais ficarão disponíveis no referido portal.
O filme e o CD são resultado de uma série de ações que tem por objetivo desenvolver processos de salvaguarda, pesquisa e divulgação do acervo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Nordeste. Nesta linha de divulgação do acervo, estes materiais buscam levar aos povos indígenas, e também ao público mais amplo, parte da história construída por eles no Nordeste com a divulgação de um recorte do acervo das memórias do movimento indigenista.
Segundo a coordenação do projeto “em um momento em que nosso país vive constante ameaça de retrocessos no tocante aos direitos indígenas, que põem em risco a própria existência física dos mesmos, a elaboração de materiais em formatos de álbuns sonoros, filmes e livros tem o intuito de retomar itinerários de resistência desses povos, que possibilitaram a conquista de uma série de direitos na Constituição de 1988”, afirmam.
O CD compõe uma coletânea de cinco álbuns com gravações Assembleias Indígenas que ocorreram no Nordeste, nos anos de 1981 e 1983, bem como de áudios captados nos povos Kapinawá, Truká e Pankararu.
O filme, por sua vez, aborda conflitos fundiários ocorridos no território kapinawá, em fins de 1970 e início dos anos de 1980. A narrativa é tecida a partir do encontro dos indígenas deste povo com fotografias do acervo do Cimi/NE.
O evento de lançamento é uma parceria entre o projeto Memórias Indigenistas no Nordeste, o NEPE e o Cimi/NE e a Cátedra de Direitos Humanos Dom Helder Câmara UNESCO/UNICAP. O lançamento será sediado na referida instituição.
O projeto
O projeto Memórias Indigenistas no Nordeste, iniciado em 2013, tem o intuito de recuperar e organizar acervos documentais a respeito das trajetórias do movimento indígena e do indigenismo nesta região do Brasil, tais ações foram incentivadas desde o início pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura PE).
Tal empreitada é o desdobramento do trabalho de salvaguarda, pesquisa e divulgação do acervo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Nordeste, construído a partir da década de 1970.
A articulação política e o processo de tratamento técnico do acervo foram realizados através da coordenação das/os antropólogas/os Lara Erendira de Andrade, Manuela Schillaci e Alexandre Gomes, todos/as pesquisadores/as do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Etnicidade da Universidade Federal de Pernambuco (NEPE-UFPE).
Os álbuns
Memórias Sonoras é o conjunto de álbuns que são parte da Coleção Retomada – que é a coletânea de materiais publicadas pelo projeto. O material organiza e apresenta uma seleção de sonoridades captadas pela ação indigenista do Cimi junto aos povos indígenas do Nordeste.
Nas aldeias e retomadas, missionários e missionárias fizeram os registros em gravadores de áudio enquanto vivenciavam toda a dimensão do dia a dia dos povos. São registros inéditos aos próprios indígenas, fazendo do projeto um importante mecanismo de recuperação do passado recente para o conhecimento das novas gerações.
Os áudios organizados no CD Memórias Sonoras abrangem o final da década de 1970 e início da década de 1980, capturando em fitas momentos de importância histórica aos povos indígenas e ao Brasil. Se trata de um conjunto de registros das primeiras Assembleias Indígenas que ocorreram no Nordeste, nos anos de 1981 e 1983, ainda sob a ditadura militar.
Há entrevistas, cantos, reuniões, histórias de vida de indígenas e de seus povos, além de rituais e festejos com toantes, sambas de coco, benditos, banda de pífanos. Neste primeiro momento, compartilhamos as gravações realizadas junto aos povos indígenas Kapinawá, Truká, e Pankararu – do Agreste e Sertão de Pernambuco.
O filme
O “corte dos arames”, se refere a forma como o povo indígena Kapinawá chama o período de sua história no qual tiveram que resistir às invasões sucessivas ao seu território. Uma época na qual os fazendeiros passavam cercas em suas terras, os Kapinawá iam lá cortavam e queimavam.
O filme narra essa luta pela terra contra grileiros em uma espécie de viagem no tempo. Isto ocorre a partir do encontro com uma série de fotografias, áudios e filmes que eram inéditos para os mesmos até então e retratavam tal período. Este material é pertencente ao acervo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que teve uma série de missionários atuando em apoio aos indígenas há época.
Baseado neste itinerário, a ideia do filme é retratar o encontro desses dois sujeitos políticos, sejam eles os Kapinawá em sua luta pela terra, seja o Cimi no apoio a esta luta.
CAPA DO FILME
CAPA DO CD