Mensagem conjunta para o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Mensagem conjunta de Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, e Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora-executiva da ONU Mulheres, por ocasião do Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, 11 de fevereiro de 2019

Recentemente, meninas e jovens mulheres em todo o mundo têm se manifestado a favor de ações para combater a mudança climática em todos os lugares. Quando a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, cobrou os participantes do Fórum Econômico Mundial na Suíça a “agirem como se a nossa casa estivesse pegando fogo”, ela manifestou sentimentos semelhantes a muitas outras jovens de sua idade.

As vozes e a experiência de meninas e mulheres nas áreas de ciência, tecnologia e inovação (Science, Technology and Innovation – STI) são essenciais para encontrar soluções às mudanças perturbadoras que ocorrem em nosso mundo em rápida evolução. Nós precisamos urgentemente preencher a lacuna nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Science, Technology, Engineering and Mathematics – STEM) e promover de forma ativa a igualdade de gênero nas carreiras de STI.

As habilidades em STEM formam a base das categorias de trabalho que mais crescem atualmente. Estudos recentes mostram que as mudanças no mercado de trabalho mundial resultarão em 58 milhões de empregos, especialmente de analistas e cientistas de dados; especialistas em inteligência artificial e em aprendizagem automática; desenvolvedores e analistas de software e aplicativos; e especialistas de visualização de dados.

Infelizmente, existem evidências quanto a problemas atuais para as mulheres em carreiras importantes como a engenharia, tais como baixa retenção, progresso e reintegração após a licença-maternidade. O Global Gender Gap Report 2018 do Fórum Econômico Mundial mostra, por exemplo, que apenas 22% dos profissionais de inteligência artificial em todo o mundo são mulheres: uma considerável disparidade de gênero que reflete assuntos importantes, como segregação nos empregos e condições de trabalho desfavoráveis.

Além de abordar esses obstáculos, a melhora da conectividade digital e do acesso a tecnologias financeiramente viáveis também pode garantir uma maior igualdade nas áreas de STEM, o que permitirá que mulheres e meninas se beneficiem plenamente como cientistas, estudantes e cidadãs.
A ONU Mulheres e a UNESCO estão trabalhando com parceiros em todo o mundo para preencher a disparidade de gênero nas áreas de STEM e das tecnologias digitais.

Uma forma de envolvimento da ONU Mulheres é por meio dos Princípios de Empoderamento das Mulheres (Women’s Empowerment Principles). Esses princípios oferecem às empresas – incluindo as dos setores digitais, de tecnologia da informação e comunicação (TIC), STI e STEAM (STEM mais arte e design) – orientações concretas sobre o empoderamento feminino nos locais de trabalho, no mercado de trabalho e na comunidade em geral. A ONU Mulheres chama todas as empresas que desejarem se comprometer com a igualdade e o empoderamento econômico das mulheres a adotar e implementar esses princípios.

É essencial tratar das desigualdades ainda no início do ciclo educacional, e é por isso que a UNESCO trabalha para estimular o interesse das meninas em disciplinas de STEM, para combater estereótipos no currículo escolar e aumentar o acesso a tutoras. Além disso, nós encorajamos as cientistas por meio de iniciativas como o Programa L’Oréal-UNESCO Para Mulheres na Ciência e a Organização para Mulheres na Ciência para o Mundo em Desenvolvimento, que oferece bolsas de estudo, networking e oportunidades de tutoria para pesquisadoras em todo o mundo. Finalmente, Projeto de STEM e Avanço de Gênero apoia a inclusão da igualdade de gênero em políticas, estratégias, planos e leis de STI, com ênfase na coleta de dados desagregados por sexo.

Por meio de todas essas iniciativas, nós estamos determinadas a estimular uma nova geração de mulheres e meninas cientistas, a abordar os maiores desafios do nosso tempo. Atendendo ao chamado de Greta Thunberg, jovens mulheres cientistas já estão fazendo a diferença no combate à mudança climática, incluindo Kiara Nirghin, uma adolescente sul-africana cujas invenções minimizam o impacto das secas.

Ao aproveitarmos a criatividade e a inovação de todas as mulheres e meninas na ciência, e ao investirmos adequadamente na educação, na pesquisa e no desenvolvimento em STEM, assim como em ecossistemas de STI, nós temos uma oportunidade sem precedentes de alavancar o potencial da Quarta Revolução Industrial em benefício de toda a sociedade.

 

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