Portal de Conferências da Unicap, v. 2, n. XXIII, 2021: Semana de Estudos Linguísticos e Literários da Unicap

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"REPENSEMOS A TAREFA DE PENSAR O MUNDO": A POLÍTICA DA LITERATURA NA POESIA DE HILDA HILST
Anderson Felix dos Santos

Última alteração: 2021-05-06

Resumo


A política da literatura é, de acordo com Jacques Rancière (2009) o exercício de retirada do véu que oculta a realidade, para investigar, através da linguagem, os limites da verdade, da racionalidade e das relações humanas, visto que a literatura é a representação da sociedade por meio da palavra. Partindo desse argumento, o presente trabalho dedica-se a investigar a política da literatura na poesia de Hilda Hilst, usando como corpus os poemas I, VI e XVI da seção “Poemas aos Homens do Nosso Tempo”, publicada em Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão (1974). A metodologia empregada foi de ordem bibliográfica, aportada nos estudos de Jacques Rancière (1995, 2009, 2016), Octavio Paz (2012) e George Steiner (1988) sobre filosofia, política e literatura. Após o recorte, realizou-se o estudo dos textos teóricos e, por fim, a leitura crítica dos poemas. A análise apontou para a conclusão de que a poesia de Hilda Hilst trabalha com o movimento de construção de uma nova realidade poética, pois demonstra uma insatisfação e insubordinação perante a sociedade e através da palavra busca interpelar a organização das coisas, antepondo sua poesia e o exercício do poeta à rigidez da vida.  A autora provoca, sugere e demonstra a experiência da poesia criticando a tirania e habilitando o poeta como um corpo político.


Referências


BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 2010.

 

HILST, Hilda. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Globo, 2001.

 

PAZ, Octávio. O arco e a lira. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

 

PLATÃO, A República. São Paulo: Nova Cultural, 2004.

 

PÉCORA, Alcir. Nota do organizador. In: HILST, Hilda. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Globo, 2001.

 

RANCIÈRE, Jacques. Política da literatura. Revista A. Tradução Renato Pardal Capistrano, Rio de Janeiro, v.05, n.05, p.110-31, 2016.

 

RANCIÈRE, Jacques. Políticas da escrita. Rio de Janeiro: 34, 1995.

 

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível: estética e política. São Paulo: EXO experimental org.; Editora 34, 2009.

 

STEINER, George. Linguagem e silencio: ensaios sobre a crise da palavra. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.