O percurso de aquisição da linguagem é formado por uma amálgama de elementos produtores de sentidos. Nesse panorama, destacam-se as produções gestuais e as orais. Com isso em vista, à luz da multimodalidade, pretendemos analisar a relação entre gestos icônicos e holófrases. Especificamente, objetivamos discutir como a criança autista utiliza esses recursos multimodais para interagir e participar do plano da linguagem. Segundo Scarpa (2009), as holófrases são enunciados de uma palavra que expressam uma ideia completa. Em relação aos gestos, McNeill (2006) destaca os gestos icônicos como segmentos representativos de imagens de entidades concretas e/ou ações. Nesse sentido, são elementos essenciais nas práticas linguísticas infantis. Para desenvolvimento do nosso trabalho, fundamentamo-nos em Cruz (2017), McNeill (1992, 2002), Kendon (2009, 2017), Cavalcante (2018) e outros. O trabalho é um estudo de caso de natureza qualitativa e foi realizado com uma criança autista do sexo masculino. A criança era participante do Grupo de Estudos e Acolhimento ao Espectro Autista – GEAUT/UNICAP do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem (PPGCL) da Universidade Católica de Pernambuco. Os dados foram transcritos a partir do software Eudico Language Annotator (ELAN). Como resultados do estudo, verificamos que a criança autista fez uso de holófrases articuladas aos gestos icônicos; além disso, a criança por meio dos gestos simulou ações e retratou formas linguísticas com os movimentos gestuais. Com base no estudo, podemos perceber a relevância de considerarmos as produções gestuais em associação às produções vocais no processo de aquisição. Desse modo, também verificamos que na relação de interposição entre o eu-mundo há a linguagem mediada por símbolos linguísticos, pelos gestos icônicos e holófrases.