No antigo Estado do Brasil Colonial, existiam quatro capitanias litorâneas no Norte: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande e Seará Grande. A centralização de atividades econômicas, políticas e jurídicas era em Pernambuco. As demais foram chamadas de capitanias anexas. A pecuária era desenvolvida nos Sertões das capitanias anexas para abastecer a zona açucareira no litoral de Pernambuco. E o açúcar, o principal produto exportado a partir de Recife. Entretanto, esta história ainda carece de uma abordagem conceitual e factual para um entendimento mais amplo. O mais recente Dossiê da Revista História Unicap aborda “O Norte Colonial: fontes e abordagens recentes para a história das capitanias do Norte”.
O primeiro artigo, de autoria de Carmen Alveal e Thiago Alves Dias (v.7, n.13. p.10-32), apresenta um debate interessante sobre o termo Capitanias do Norte e o chamado Pernambuco e capitanias anexas. Os autores alertam que é preciso considerar um intervalo de tempo (de 1755 a 1799) onde isso de fato aconteceu. Um outro ponto de destaque é o entendimento do tempo de ocupação holandesa nas Capitanias do Norte (1630-1654), que vem descrito no artigo do Professor Bruno Miranda, da UFRPE (p.33-55).
A leitura do Dossiê segue com uma abordagem sobre as estratégias de mobilidade social através do patrocínio e matrimônios com nobrezas locais. O artigo de autoria de Mozart Menezes e Maria Eduarda Brandão discute a trajetória de Ambrósio Fernandes Brandão, um mercador cristão-novo do Antigo Regime que montou bens de raiz nas Capitanias do Norte (p.56-72). Ainda na perspectiva dos meios de subsistência em tempos de Capitanias do Norte, o artigo de Yan Morais e Larissa Lacerda (p.73-90) mostra como a luta para sobreviver e assegurar um legado à família fez parte do sertão de Piancó, extremo oeste da Capitania da Paraíba.
Os limites judiciais e a formação da jurisdição, a administração dos terços auxiliares e ordenanças, a formação da nobreza da terra e os ouvidores régios das Capitanias do Norte, dão sequência aos temas abordados nos artigos do Dossiê. Neste desfile de fatos históricos sobre a origem política, administrativa, mercantil e financeira do nordeste brasileiro, o leitor pode ir além de fatos isolados e generalista da monocultura do açúcar e a formação de um povo.
Para além do Dossiê, há outros textos de temática livre, publicados no mesmo número, a serem também explorados. Site da Revista: http://www.unicap.br/ojs/index.php/historia/issue/view/126/showToc
