Se contar o tempo da graduação, são 29 anos de curso de Jornalismo e de Universidade Católica. Como não lembrar do meu tempo de estudante? Das máquinas de datilografia, das aulas de Lúcia Noya, Marcos Araújo e Valdeluza D’Arce, de Ivana Fechine em televisão, assim como de Idelfonso Fonseca, Vicenzo de Matteo, Teresa Cunha? Lembro exatamente da primeira pauta que escrevi na disciplina de Valdeluza. E das 10 vezes em 15 linhas que escrevi a palavra associados, todas devidamente sublinhadas em vermelho pela atenta professora. Dali por diante nunca mais repeti os termos em um texto. E levei com gratidão esses e outros aprendizados para a minha vida.

E foi num desses tempos, formada há seis anos, que fui informada da vaga para a disciplina de Planejamento Gráfico na Unicap. A atuação seria em dois cursos: Jornalismo e Relações Públicas. Eu estava, na época, atuando na Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Camaragibe, um lugar de afetos, trabalho bem feito, gente boa, entre profissionais e estagiários. Foi uma delas que avisou da ausência da titular da disciplina, que tinha aceitado a proposta da Folha de Pernambuco e seu novo projeto. Era 1998.

Lembrei que tinha sido monitora, na época de estudante da Católica, justamente em Planejamento Gráfico. A escolha do professor Clériston por montar uma equipe para atuar junto à turma teve alguns critérios. Entre eles, as notas excelentes no primeiro GQ.

Hesitei em assumir o desafio. Mas contei com o incentivo de todos e todas que faziam a comunicação da Prefeitura naquela época. Principalmente os estagiários e estagiárias, que elogiavam sem parar minha paciência para ensinar design, os programas de edição, texto…

Decidi concorrer à vaga. Haviam mais duas pessoas. Eu fiquei. Até todo o processo ser efetivado, chegou o dia 19 de maio. Foi minha estreia na sala de aula. A primeira turma, imensa, era a de Jornalismo. Mais de 60 pessoas olhando para mim. Uma mulher de 28 anos, de calça jeans, tênis e camiseta, que trazia para aquele espaço a curiosidade e a alegria de trabalhar com design gráfico. O frio na barriga era justificável. Fazia quase dois meses que a turma não tinha aulas. Foi um primeiro desafio: ajustar na minha agenda as inúmeras reposições, teóricas e práticas, naquela sala e no laboratório que ficava no NIC, do outro lado da rua do Príncipe. Lembro de ter marcado com todo mundo no lab, sem saber que era uma sala pequena, com apenas 15 máquinas. E foi chegando gente e eu ficando tensa, com uma paúra crescente no peito. Até que olhei com sinceridade para todo mundo, respirei fundo e segui. Naquele dia perdi totalmente o medo de falar em público e ser responsável por uma turma de pessoas tão diferentes. A sensação foi incrível.

O frio na barriga permanece sempre que inicio um semestre sem saber quem virá. Assim como a sede de conhecer gente nova, de aprender com meus alunos e alunas, de ver a vida fluindo em textos, sites, projetos gráficos.

Tive a oportunidade de conviver com aqueles e aquelas que haviam sido meus mestres e mestras. Tive a sorte de conquistar amigos e amigas para a vida. E de ver alunos e alunas se tornarem, eles e elas também, professores e professoras. Dario Brito, da minha primeira turma. Juliano Domingues, que foi meu coordenador de curso. Filipe Falcão, com sua doçura e amor por filmes de terror. Breno Carvalho, o cara da inovação e do filme Matrix.

Em 1998 também engravidei do meu primeiro filho. E a Unicap e os estudantes puderam acompanhar não só essa, mas outras duas gestações. E é incrível saber que eles vieram também estudar aqui. Em 2000, o estímulo à pesquisa me pegou de jeito. E fui fazer uma especialização em Desenho na UFPE. Quem me orientou no projeto final foi a professora Aline Grego. Pensem em uma mulher generosa com o conhecimento e capaz de provocar a gente a ser cada vez melhor. Minha admiração é tanta que Aline é uma das mulheres pesquisadoras que mais respeito na vida e no campo acadêmico. Também ela me incentivou à escrita durante o mestrado na UFRPE, quando eu estava sob a orientação de outra mulher generosa, Salett Tauk, ela própria uma ex-professora do curso de Jornalismo da Unicap. E, durante o doutorado, pude contar com tantos amigos e amigas dessa casa.  Seria até injusto eu citar alguém. Poderia esquecer algum nome.

São 25 anos de Unicap, de curso de Jornalismo, de ver esse campus fazer parte da minha cidade, da minha história, da vida dos meus filhos. Um tempo generoso, em que me tornei coordenadora de curso por seis anos. Vi vários alunos e alunas se transformaram em amigos muitíssimo queridos. E trouxe outros colegas para o cotidiano acadêmico: Andrea, Carol, Renata, Adriana, Stella, Vlau, Lula, Claudio, Fig, Cacá, João, Jarbinhas, Cris, Cecília, Anthony, Flávio. Assim como  Múcio, Gordinho, Marcos, Jairo, Kety, Ricardo, Zé Maria, Leo, Sávio, Jeziel, Girlany, Roberto, Roberta, Karina, quanta gente!

Nesses 25 anos eu vi os jardins serem abertos, vi pavões, patos e pessoas dividindo o gramado. Vi os labs do bloco A crescendo, os programas de edição mudando, o pagemaker dando lugar ao Indesign que uso em minhas aulas. O design deixando de ser um tema transversal e mostrando sua importância como interface entre a informação e o leitor. Vi também a solidariedade surgir em cada momento necessário. O incentivo e o afeto crescer entre essa turma deliciosa que faz o curso de Jornalismo da Católica. Axé!

Por Carla Teixeira