Por Gabriela Agra
O cinema produzido em Pernambuco pode ser descrito hoje como um dos mais criativos e produtivos de todo o país. Apesar do setor vir enfrentando nos últimos anos dificuldades técnicas, políticas e econômicas, e do agravamento desse cenário com a pandemia da Covid-19, inúmeras são as possibilidades nesse campo de produção. Com inscrições até hoje, a especialização em Estudos Cinematográficos da Unicap proporciona uma formação robusta e aprofundada na área.
Criada em 2006, a especialização em Estudos Cinematográficos tem como objetivo proporcionar uma base sólida de conhecimento a quem estuda, trabalha ou curte cinema e, para dar conta de tantos aspectos históricos, conceituais, estéticos, socioculturais e políticos, sua grade curricular vem sendo regularmente atualizada. “São disciplinas que abordam questões como as cinematografias dos diversos setores da sociedade (mulheres, negros, indígenas e a comunidade LGBTQIA+); as cartografias cinematográficas do cinema africano, asiático, do oriente e da América Latina; e as políticas públicas direcionadas ao setor, onde se inserem as leis e os editais de financiamento à cadeia produtiva independente”, é o que explica o professor e coordenador da especialização Cláudio Bezerra.
Questões como essas demonstram-se imprescindíveis à produção de uma cinematografia plural e consistente, mas, sobretudo, urgentes em um cenário de constantes boicotes e ataques à cadeia produtiva nacional e regional. “Antes da pandemia a gente já estava sofrendo com a crise institucional que tem se instalado na Ancine, a Agência Nacional do Cinema, que desde 2018 não lança chamadas novas”, afirma a jornalista especializada em Estudos Cinematográficos Milena Evangelista. Ela também chama a atenção para o impacto dessa crise no Funcultura, o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura, do Governo Estadual, cujo edital sofreu com a queda de recursos nos últimos dois anos em razão da retirada do investimento federal da Ancine.
“Depois da paralisia pela suspensão do repasse de verbas da Ancine e pelas restrições da pandemia da Covid-19, a produção audiovisual independente de Pernambuco deu uma respirada com o processo de vacinação e os editais da Lei Aldir Blanc”, avalia Cláudio Bezerra. Ele também ressalta que, ainda com tantas dificuldades, não deixaram de haver produções de qualidade no estado. É o caso de Vênus de Nyke (2021), mais recente filme do diretor e também professor da pós-graduação André Antônio, cuja exibição aconteceu na Semana da Crítica do Festival de Berlim.
Além de toda formação acadêmica, a especialização em Estudos Cinematográficos da Unicap proporciona um espaço heterogêneo de reunião de profissionais vindos das mais diferentes áreas do conhecimento. “É um ambiente de encontro de pessoas que têm em comum o gosto pelo cinema, porque pesquisam, porque trabalham ou porque são cinéfilos. Nesse sentido, o curso propicia também a formação de redes, networks, tanto que em algumas turmas foram criados cineclubes e até coletivos de produção”, conclui o coordenador.
massa, ótimo texto