Por João Paulo Ribeiro
Eu acredito que os jovens que realmente sabem o que querem da vida são raros. Claro, não trago dados ou estatísticas que provem essa afirmação ousada. Trago apenas reflexões de um rapaz que ainda não sabe exatamente o que quer. “Exatamente” não sei, mas vagamente tenho certeza. Eu demorei um tempo até decidir estudar jornalismo. Lembro das noites em claro que passei ponderando qual seria o próximo passo da minha vida. Lembro de pegar dois ônibus todos os dias e tentar fazer um curso que não era pra mim. Lembro de estudar para o vestibular até cansar, mas também lembro de não estudar e me sentir culpado. Lembro das inúmeras conversas que tive pedindo conselhos. Lembro até de desaprovações de pessoas próximas quando decidi estudar comunicação. Lembro demais desses momentos. Lembro, mas não lamento.
Vagamente sei que estou no caminho certo. Descobri no jornalismo uma nova versão de mim mesmo que eu não sabia que existia. Me apaixonei pelo curso como os casais de comédia romântica, amando desde o primeiro encontro. Talvez você, cara leitora, caro leitor, pense que estou romantizando demais a profissão. Talvez eu esteja. Mas veja, estou romantizando minha escolha apenas. Eu que tive a sorte de achar um lugar onde eu me reconheço. Quantos vivem vidas que odeiam? Ou buscam incessantemente um caminho que ache correto? Quantos se acomodam com a toxicidade? Eu apenas tive a sorte, e o privilégio, de amar o que estou fazendo. Claro, tem dia que não aguento nem olhar para uma entrevista, especialmente na pandemia. Mas são dias raros. E assim estou vivendo. Olho a situação do meu país e me perco ainda mais. Economia em crise, violência, preconceito… São dias difíceis esses que vivemos. Dias que não sei onde vai dar, afinal sou jovem. Os que sabem realmente o que querem da vida são raros e eu não sou um deles. Sei apenas que descobri a profissão que vai me ajudar a fazer a diferença no mundo. Como? Bom, exatamente de que maneira não sei. Mas, como eu disse, sei vagamente que estou no caminho certo.