Lançado recentemente, o festival e websérie Cena Nova é um projeto documental da Theia Produtores Associados, com o intuito de conectar artistas do cenário musical pernambucano, ampliando os horizontes deste mercado, em Pernambuco e fora dele. A websérie também traz curadorias, pesquisas, entrevistas e um festival, com apresentações de diversos artistas da região.
Cena Nova busca valorizar a regionalidade musical e a cultura pernambucana em 12 episódios de 20 minutos. Apresenta artistas como Marília Parente, Olegário Lucena, Adalberto, Adiel Luna, Larissa Lisboa, Bruno Lins, entre outros. Todos os episódios estão disponíveis no canal da Theia no YouTube. O festival foi gravado em outubro de 2021 no Teatro Arraial Ariano Suassuna, em Recife, com incentivo do Funcultura da Música.
Laura Souza e Guilherme Patriota, sócios da Theia (@theiaprodutores), investem em audiovisual e cultura, criando diversos projetos como CD’s, Livros, espetáculos, shows, festivais, mostras, exposições, pesquisas, clipes, documentários e webséries. Guilherme Patriota, jornalista e diretor do projeto, explica a importância do documentário para a cultura. “Nós precisamos reunir estes atores (musicistas, músicos, compositores, técnicos, produtores, empresários, etc.) ouvir e falar sobre eles, para compreender de forma mínima essa complexidade e não deixar que a iniciativa privada, interessada, exponha de forma menorizada o que é ou não novo. O novo pode ser bem velho e a gente nunca vai conhecer se não chegar até nós”, explica.
Para Guilherme, a Cena Nova traz essa oportunidade para os artistas independentes, mas também constrói um cenário de desenvolvimento a todos os profissionais envolvidos, criando um espaço de oportunidades para diversos públicos. “Abordamos novos cenários musicais em Pernambuco, formados não apenas por músicos e compositores, mas também por técnicos, produtores e empresários”, reforça.
O documentarismo produzido pela Theia tem como foco a regionalidade, trazendo pesquisas que, para Guilherme Patriota, são a parte mais importante do trabalho. Laura Sousa é produtora e pesquisadora e, na Theia, ela tem o papel de ouvir, criar e pesquisar. Está no projeto desde 2015, sendo também a criadora da websérie Cena Nova.
Segundo Guilherme, o mercado do documentarismo no Brasil sofre com as dificuldades devido à falta de investimentos, que afeta principalmente os artistas locais. Para ele, esse desencorajamento impede o resgate e registro da regionalidade.“São histórias de pessoas que lutaram por uma cultura própria e que não tem suas memórias preservadas”, destaca.
Além da websérie, a Theia possui outros projetos jornalísticos, como O Palco é a Rua (@opalcoearua), manifesto com artistas musicais pernambucanos que se apresentam pelas ruas de Recife. Outra produção é a websérie Cada Museu (@cadamuseu) que aborda a memória e o afeto da cultura material ao espaço residencial, relacionando às estéticas e linguagens museais. No documentário Nós e Nossos Mestres, filmado no Agreste, Cariri paraibano e Pajeú pernambucano, são contadas as histórias de antigos e novos mestres do cenário musical. Outros programas devem ser lançados ainda este ano.
No Brasil
O país possui outros grandes exemplos de jornalismo documental, como a obra São Paulo, a Sinfonia da Metrópole, longa-metragem dirigido, em 1927, por Rudolf Rex Lustig e Adalberto Kemeny, que retrata um dia na cidade de São Paulo e sua crescente urbanização. Outra obra importantíssima para o país é Cabra marcado para morrer de 1985, dirigido pelo jornalista Eduardo Coutinho. Considerado por muitos um dos melhores documentários brasileiros, levou cerca de 30 anos para ser gravado e conta a história de João Pedro Teixeira, líder da liga camponesa de Sapé, na Paraíba, que foi assassinado por ordem de latifundiários. Mulheres negras: Projetos de mundo, dirigido por Day Rodrigues em parceria com Lucas Ogasawara conta com depoimentos de nove mulheres negras e as dificuldades enfrentadas por elas na sociedade brasileira.