Por Marcus Vinicius
O aumento da popularidade das redes sociais fez surgir diversas oportunidades para se falar de gastronomia. Assim, o jornalismo gastronômico, antes restrito às páginas de jornais e revistas, foi tomando conta de portais, blogs e perfis nas redes digitais. Um mercado cheio de oportunidades e, também, mais competitivo.
Para entender melhor este cenário, antes é preciso dizer que o mercado gastronômico possui três tipos de comunicadores: os jornalistas gastronômicos, os críticos de gastronomia e, mais recentemente, os influenciadores digitais, com diferentes informações referentes à área gastronômica.
Alguns dos jornais e revistas que ainda possuem jornalistas especializados na área gastronômica são a Folha de São Paulo, a Revista Trip, Revista GQ, Revista Menu, além do caderno Sabores, da Folha de Pernambuco. Aliás, o único caderno de gastronomia de um jornal impresso no estado. Desta forma, é possível observar que a Internet tem criado espaços onde há mais liberdade e oportunidades de trabalho para os jornalistas gastronômicos.
Há desafios, no entanto. A jornalista gastronômica Milenna Gomes (@milennagomes), recifense, que também já foi aluna do curso de jornalismo na UNICAP, escreve para o Gosto Comunica (@gostocomunica) e também tem o Podcast Mastigadinho (@mastigadinhopod). Desde cedo, teve interesse pela gastronomia, chegou a ingressar no curso da UFRPE, mas logo percebeu que era comunicação seu lugar profissional. Falar sobre comida e contar as histórias por trás dela foi o que levou Milenna ao jornalismo gastronômico. Por isso, em 2010, ela criou o blog “Não sei cozinhar”, encerrado em 2019. A dificuldade inicial em acessar o jornalismo gastronômico, como cursos complementares ou especializações na área, foram alguns dos problemas enfrentados por Milenna. “A maior dificuldade foi encontrar cursos direcionados para o tema. Não encontrei e até hoje não existem, como os de jornalismo direcionado à política, cinema e esportes. Não há uma cartilha. Então, precisei trilhar meu próprio caminho com muito erro e acerto, leituras, conversas com quem já fazia gastronomia e jornalismo nos jornais e na rotina”, explica.
Além disso, também existem outros entraves. A falta de espaço nos meios de comunicação para se falar de gastronomia é um deles. Esse motivo tem levado vários jornalistas para as redes sociais, onde a dedicação para abordar a temática deve ser constante. “Se é possível um jornalista se manter financeiramente com jornalismo gastronômico? Sim, mas não é fácil. No caso de estar em um veículo de comunicação, a empresa paga o salário e, muito provavelmente, o jornalista precisará se dedicar a outros temas. No caso de estar ocupando espaços digitais, exige tempo e muita dedicação,” conta Milenna. Há blogs como o “Find & Eat” do jornalista Marcelo Volpato (@findandeat), e perfis como o de Podcast “Pura Caffeína”, da jornalista Gisele Coutinho (@puraxaffeina), Vanessa Lins (@quintopecado), editora gastrô na Folha de Pernambuco.
Também há profissionais fazendo jornalismo gastronômico como um hobby, a exemplo do pernambucano, Gustavo Belarmino (@belarmino) e, ainda, influenciadores digitais. Estes, mesmo não sendo jornalistas gastronômicos falam sobre o tema em suas redes sociais. Um exemplo éo perfil Recife para dois (@recifeparadois) criado por Nathalya Tavares e Davi Bezerra, que trazem diversas indicações tanto no Instagram quanto no Tiktok.
Para Milenna Gomes, o jornalismo gastronômico é “entender como funciona a cadeia produtiva dos alimentos, saber de história, de nutrição, de arquitetura, acompanhar movimentos e cozinheiros, fazer leituras sociais a partir do que a população está consumindo, compreender os aspectos econômicos que impactam na alimentação no geral, julgar – somando vários fatores – se um restaurante vale a pena e ainda saber escrever e contar isso ao leitor.” É ou não é uma especialização interessante?