O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE vai completar 20 anos no próximo ano. Ele foi criado em 14 de abril de 2004, com o objetivo de avaliar as instituições e o grau de conhecimentos gerais e específicos dos concluintes de cursos universitários (bacharelados, licenciaturas e tecnólogos), presenciais e ensino a distância.
Nesses quase 20 anos não faltam críticas às avaliações em larga escala. Mas, por quê tão julgado? A desaprovação recai sobre seu teor e influências neoliberais na educação. A perspectiva tecnicista dos currículos, em vista dos interesses do mercado, com pouca formação crítico-reflexiva e de promoção da cidadania. Porém, provas como o ENADE geram uma produção de dados quantitativos que podem ser uma oportunidade e ferramenta para repensar as propostas pedagógicas, evidenciar o domínio das competências e habilidades para atuação na área, avaliar a gestão e o relacionamento no curso e nas instituições. Para além dos “dados”, o ENADE é uma fotografia da formação do estudante.
Mas o que é o ENADE? É um componente curricular obrigatório de cursos superiores, organizado em três partes: Questionário do Estudante, Prova (com questões objetivas e discursivas) e Questionário de Avaliação da Prova. Após a inscrição no site do governo federal, o inscrito terá que responder ao Questionário do estudante, que visa caracterizar o perfil dos estudantes e o contexto dos processos formativos do curso. É uma etapa feita no site do INEP, que valida a inscrição e libera a visualização do local da prova.
Já a Prova, é presencial e organizada em duas partes: conhecimentos gerais e conhecimentos específicos. São 40 questões, 35 objetivas de múltipla escolha e 05 discursivas. É uma prova abrangente que evidencia o domínio dos conteúdos e a aquisição do perfil de egresso previsto nas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) de cada curso. A parte de conhecimentos gerais, articula conhecimentos interdisciplinares e os conhecimentos recentes do Brasil e do mundo. A parte específica, avalia habilidades para a profissão que o concluinte escolheu.
A última atividade é a Avalição da prova, onde avalia o grau de dificuldade das questões, extensão da prova e familiaridade com o formato da avaliação. Nesses 20 anos, uma tônica comum é a de que a prova é extensa, falta de familiaridade com atividades objetivas de múltipla escolha e atividades discursivas e dificuldade de escrita sobre temas ligados à área de formação específica.
Os anos 2000 têm marcado uma transformação nas propostas das diretrizes curriculares dos cursos superiores, com currículos por competências e mais articulados às demandas da sociedade. Do ponto de vista da avalição externa, provas como o ENADE, avaliam esse novo arranjo. Será que estamos acertando os compassos entre propostas pedagógicas e avaliações externas? Uma certeza fica: é um exame que fala dos cursos e instituições, dos ingressantes no mercado de trabalho e do sistema de ensino brasileiro. O ENADE “indaga” a sua jornada acadêmica, a sua formação. A nossa resposta deve ser…. Enade é sobre você e sua formação.
Por Carlos Jahn