A Intercom, Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, acontece todo ano desde 1977. Em 2020, com a pandemia e o isolamento social, o Congresso, que já estava planejado, precisou, às pressas, se adaptar ao formato on-line. Este ano, está sendo diferente, já com conhecimento prévio da situação causada pela pandemia, o evento se prepara para mais uma edição no formato remoto.
A Intercom reúne estudantes, pós-graduandos, professores e pesquisadores da área de comunicação. O Congresso Nacional vai acontecer na Universidade Católica de Pernambuco, no Recife, entre os dias 04 e 09 de outubro. A Expocom, mostra competitiva que ocorre durante os congressos, está em período de inscrições para as etapas regionais. O Intercom Inter-regiões, remoto, será realizado entre os dias 02 e 06 de agosto. As inscrições para o Expocom Nordeste vão até o dia 21/05. Já as inscrições para a Intercom Nacional ainda não abriram e devem ocorrer entre os meses de junho e setembro.
O jornalista e professor da Unicap Juliano Domingues, vice-presidente da Intercom, considera que o período remoto não compromete a qualidade do evento. “Todos nós, nas nossas vidas pessoais ou profissionais, nas instituições públicas e privadas, fomos forçados a nos adequar às atuais circunstâncias. Com a Intercom tem ocorrido o mesmo. Em relação à qualidade científica, não há qualquer prejuízo, pelo contrário. É possível até enumerar pontos positivos, como a participação de pessoas que estariam impedidas de participar presencialmente e, no modo remoto, podem participar. Ouvimos relatos desse tipo no congresso passado, que já ocorreu nesses moldes. O maior desafio, na verdade, é compensar o encontro. Os congressos da Intercom são marcados por encontros e reencontros, pelas relações afetivas historicamente cultivadas ao longo de mais de 40 anos de congressos. O maior desafio, portanto, é manter essa atmosfera mesmo no modo remoto”, conta.
Este ano, os cursos da Escola de Comunicação da Unicap vão submeter ao Expocom um total de 24 trabalhos, distribuídos nas categorias Jornalismo, Rádio, TV, Internet e Produção Transdisciplinar. Segundo Carla Teixeira, coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, na etapa nacional, a instituição quer marcar presença. “Queremos mostrar nosso trabalho e fazer bonito pois somos a sede do evento no ano em que se comemora o centenário de Paulo Freire. É um ano muito especial”, adianta.
Andressa Carolina, 22, estuda jornalismo na Unicap e está se planejando para o Congresso Nacional. “Eu estou me preparando, fazendo um levantamento de dados, levantamento de autores que falam sobre educomunicação, sobre o uso das mídias digitais dentro das favelas, e a mídia como porta-voz das comunidades. Os meus planos para escrever o meu artigo é fazer os meus fichamentos, me atualizar, entender quais são as demandas das comunidades, mais especificamente as comunidades daqui da zona norte do Recife”, afirma a estudante.
O tema geral do evento este ano é “Comunicação e resistência: práticas de liberdade e cidadania”, uma referência à obra do educador pernambucano Paulo Freire. Juliano Domingues comenta considera importante a obra Freiriana no contexto da comunicação. “A área da Comunicação nos brinda com excelentes trabalhos baseados na obra de Paulo Freire. Há uma tradição nesse campo no Brasil, com nomes de peso, como o do professor Ismar Soares (Usp), e o desenvolvimento da reflexão sobre a Educomunicação. O jornalismo que bebe dessa fonte fortalece seus princípios básicos de responsabilidade social, de defesa dos direitos humanos, de denúncia do autoritarismo, de liberdade para a cidadania. Levando em conta o atual contexto de ofensivas diárias de supressão das liberdades de expressão e de imprensa no Brasil, essa referência a Paulo Freire é absolutamente necessária”, relata o jornalista que também coordena a Cátedra Luiz Beltrão de Comunicação.