Por Myllene Pedroso

O caminho que Mayara Moreira, 20, percorreu para chegar ao Jornalismo começou de um sonho em ser escritora e a vontade de fazer da comunicação uma ferramenta mais acessível às comunidades a fim de engajar as pessoas socialmente.

Apaixonada por arte, cultura e política, estudante do 5º período, foi durante o ensino médio que ela se aproximou de pautas políticas e movimentos de resistência. A literatura sempre esteve presente em sua vida, mas foi através do jornalismo que ela encontrou um sentido maior. 

Mayara mora em Paulista e nunca havia conhecido o centro de Recife. Teve a oportunidade de se aventurar pela cidade no período de cursinho, antes de ingressar na Católica. Shows de artistas recifenses, saraus, Terra Café Bar, na Boa Vista, os cinemas São Luiz e o da Fundação Joaquim Nabuco integram suas programações favoritas. “Faziam eu me sentir viva”, garante. E, de forma indireta, cada experiência foi somada à sua identidade.

Os livros sempre a acompanharam, assim como as fases de leituras. Primeiro, os gibis da turma da Mônica e ficção científica ganharam espaço. Posteriormente, obras politizadas tomaram vez e permanecem até hoje. Tal interesse se fortaleceu com a descoberta de pesquisadoras como Lélia Gonzalez, pioneira nos estudos sobre cultura negra, feminismo e interseccionalidade no Brasil, a filósofa Djamila Ribeiro, autora de “Pequeno Manual Antirracista”, entre outras obras, e Angela Davis, filósofa socialista estadunidense. “No período entre o ensino médio e a universidade tive a oportunidade de entrar num clube do livro. E foi incrível conhecer autoras que me inspiram e me fazem refletir bastante”, conta Mayara.

                 Semana de Integração da Universidade Católica de Pernambuco. Foto: acervo pessoal
Visita à TV Globo com a professora Aline Grego, ainda no primeiro período do curso. Foto: acervo pessoal
Mayara foi voluntária na Cátedra Unesco Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara, junto com a professora Andrea Trigueiro. Foto: acervo pessoa

“Não existe algo pelo qual eu queira me aprofundar exclusivamente, meu objetivo é contribuir de um modo geral com os movimentos sociais. Quero me fortalecer em pautas que não são valorizadas, não são contadas. No começo da graduação, estudar sobre a interseccionalidade foi um caminho que fez muito sentido pra mim. Essa intersecção indissociável de classe, gênero e raça precisa ser levada em consideração nas produções jornalísticas e na sociedade de forma geral ”, explica Mayara. Ela ainda conta que ter feito o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unicap (PIBIC) sobre o mapeamento da violação dos direitos humanos, com a professora Andrea Trigueiro, foi uma experiência ímpar e ampliou seu campo de visão e entendimento de mundo. Mayara brinca que Andrea se tornou uma espécie de madrinha dentro do curso. “Laços assim são realmente especiais”, destaca. 

Entre as diversas experiências acadêmicas nas disciplinas, Mayara também teve a oportunidade de ser voluntária na Cátedra Unesco Unicap de Direitos Humanos Dom Helder Camara, já no primeiro período. Lá, Mayara atuava com produção de conteúdos para as redes sociais principalmente. Dessa iniciativa nasceu o projeto de Extensão Escola de Educomunicação e Direitos Humanos – EDUCOMDH, coordenado pela professora Andrea Trigueiro. Após sair da Cátedra, a estudante entrou no PIBIC, entre agosto de 2020 e agosto de 2021. Atualmente Mayara estagia na assessoria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário Federal em Pernambuco, SINTRAJUF – PE. 

Mayara aconselha aos estudantes de comunicação se jogarem nas oportunidades. Ela recorda que foi sorteada para o curso de extensão “Jornalismo e Periferias”, e por meio dele pôde conhecer a professora Carol Monteiro, outros jornalistas brasileiros e, ainda, a Abraji – Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Seu sonho é poder trabalhar em espaços independentes onde as informações não sofram tanto com a influência de interesses econômicos. “É estar aberto para as oportunidades que a universidade traz e se sentir confortável para conversar com os professores, que são jornalistas incríveis. Você sente humanidade neles. É sempre bom também salvar referências que fazem parte da sua identidade, pois um dia elas podem se transformar, quem sabe, numa inovação”, aposta.