Por Conceição Tomaz
O estudante Ariel Sobral, 22, do 8.º período do curso de Jornalismo, é filho único e teve na educação o norte para sua vida. “Ao contrário do que é esperado em histórias de filho único, tive uma criação com bastante disciplina, com um foco muito grande, principalmente na educação. Acredito que seja esse histórico que me proporcionou momentos importantes na minha vida estudantil, como ser o fundador e primeiro presidente do grêmio estudantil de uma escola pública da Zona Leste de Recife”, relembra.
Ariel nasceu e reside no Recife, mas a família é construída tanto com origens na Capital, como no interior do Estado. “Sou completamente apaixonado por Recife. Minha família é uma mistura do interior com a cidade. Sendo a família de parte de mãe, o interior, e a do meu pai, a cidade. Eu sou filho único, mas cresci rodeado por primos e amigos. Minha família, em geral, é bastante unida e matriarcal. As casas das minhas avós sempre foram os lugares sagrados da família em relação a tudo: reuniões, comemorações, cuidados”, conta.
Desde criança, Ariel despertou para a arte de se expressar e comunicar. Os livros espalhados nos cômodos da casa dão uma pista dessa paixão que se estende também para a música e para o teatro. “Minha paixão por narrativas, sem dúvidas, influenciou na minha escolha pelo curso de jornalismo, e pelo teatro”, revela.
O teatro tem espaço cativo na vida do estudante. Uma dinâmica de comunicação distinta do Jornalismo, mas que, para Sobral, arremata a sua necessidade de expandir o que ele já é. “Com o teatro, eu consigo me libertar da comunicação que vem apenas do texto e da notícia, por exemplo. Posso, então, explorar outras sensorialidades que ajudam a me tornar um jornalista melhor. Da mesma forma que o eu jornalista se beneficia do eu ator, o eu ator consegue ter foco, objetividade e até mesmo a sensibilidade que a profissão traz. São propostas diferentes que acabam me aperfeiçoando”, explica.
“Minha primeira experiência com o teatro foi na quarta série, onde pude me apresentar no Teatro Valdemar de Oliveira. Só voltei a me arriscar novamente no ano passado, quando entrei em uma escola de teatro aqui no Recife e desde então continuo”, completa Ariel.
Do que a memória lhe traz, Sobral sempre gostou de documentar e informar: fez pastas de colagens, escreveu histórias e inventava alguma brincadeira para criar essas narrativas. “Por muito tempo acreditei que a vontade de fazer Jornalismo surgiu a partir do sexto ano do ensino fundamental, quando descartei, definitivamente, a ideia de ser um biólogo marinho”, conta sorrindo. “Mas, há uns dois anos, quando, casualmente, encontrei com uma professora do primeiro ano e falei estar cursando Jornalismo, ela disse: ‘Que maravilha! Como você sempre quis’. Pelo visto, já era algo que eu queria desde muito tempo. Moro no subúrbio da cidade, na Zona Leste, bem próximo a uma comunidade e, por muito tempo, eu nunca vi pessoas daqui ingressarem na universidade. Era um sonho que minha família cultivava, como algo distante, mas possível. Graças a programas como ProUni (Programa Universidade para Todos- http://prouniportal.mec.gov.br/), sou um dos poucos a ter possibilidade de me formar e mudar um pouco essa realidade”, finaliza o estudante.
Hoje, Ariel se divide entre a faculdade e o estágio, mas também fez Pibic – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unicap e relembra como foi importante passar por esse processo. “A faculdade de Jornalismo foi, de fato, um divisor de águas na minha concepção de mundo. Eu entrei um pouco assustado com o universo acadêmico, mas, gradualmente, fui encontrando o ritmo da coisa. Mas não atribuo apenas a mim essa conquista, e sim, aos amigos e aos professores, que acabaram virando amigos. E digo isso sem querer ser político. De fato, os amigos que fiz na faculdade me ajudaram MUITO a prosseguir durante o curso. Não seria a mesma coisa sem eles”, reflete o estudante.
“Participei de vários eventos do curso de Jornalismo, como a primeira edição do festival Eu Faço (Festival Autoral de Jornalismo da Unicap – https://www3.unicap.br/eufaco/) e entrei para o Pibic, com orientação do professor Dario Britto, a quem devo MUITO! Um profissional inspirador, uma figura que, para mim, é um exemplo de jornalista. Meu projeto de pesquisa foi Produção, Circulação e Recepção do Audiovisual Contemporâneo. Apresentei na 22.ª Jornada de Iniciação Científica e fui premiado em segundo lugar na categoria de Ciências Sociais Aplicadas”, completa Ariel.
No último período da graduação, Ariel também se dedica ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sob a orientação da professora Andréa Trigueiro, cuja ideia central é um podcast e redes sociais. “Eu sempre gostei de análises de comportamento, principalmente quando o espaço observado é a Internet. Sendo assim, meu TCC será um podcast sobre o fenômeno de exposição dos corpos no Twitter, a capitalização em cima da nudez, do sensual, e como isso vem transformando a maneira como as pessoas estão se relacionando com o corpo e com o sexo”, explica.
O estudante acredita que o estudo desse comportamento pode gerar novas maneiras de se interpretar a utilização dos espaços virtuais. “O estudo pode espelhar como nós, enquanto sociedade, estamos lidando com os atuais avanços tecnológicos. Além de discutir como os hábitos, valores e o comportamento a partir da prática de promoção do usuário está entrelaçada com as possibilidades proporcionadas pelo universo online”, finaliza.
O estágio de Ariel é na TV Jornal (https://tvjornal.ne10.uol.com.br/), no setor de produção. “Costumo ir para a rua como repórter também. Cada dia no estágio é uma experiência diferente, a TV é um veículo bastante imprevisível. Talvez, por isso, minha relutância a esse formato jornalístico durante o curso. Não sou muito do vídeo, mas a área do jornalismo, dentre muitas outras coisas, ensina a estar aberto às possibilidades. Antes de trabalhar na TV Jornal, eu estagiava na Rádio SEI, da Secretaria de Imprensa de Pernambuco (https://www.portalsei.pe.gov.br/), que foi meu primeiro estágio na área. Meu contato com o rádio foi muito feliz desde as primeiras cadeiras na Universidade, e sou muito grato pelo período que passei na Rádio SEI e pelos conhecimentos que adquiri ali”, conclui o estudante.