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Por: Maria Clara Monteiro

Em 2021, a Universidade Católica de Pernambuco comemora 60 anos de existência do curso de jornalismo. Além de ser o primeiro curso do Norte e Nordeste, e um dos mais antigos no Brasil, foi bastante inovador no campo da pesquisa em comunicação. 

A professora e jornalista Dra. Aline Grego leciona no curso há 33 anos, e testemunhou as principais mudanças no jornalismo e dentro do próprio curso. “Quando eu comecei a ensinar, por incrível que pareça, ainda existiam máquinas de escrever e os equipamentos de televisão eram extremamente pesados. […] Talvez a principal diferença é que quem entrava em jornalismo, queria seguir o jornalismo impresso. E hoje, na verdade, muitos já entram pensando em ser seus próprios empreendedores, com blogs, sites e canais”, declara. 

Reconhecido dentro e fora do estado, ao longo de todo esse tempo, o curso de Jornalismo formou diversos profissionais. Dentre estes, Tércio Amaral, que atualmente trabalha como assessor político de imprensa. Diplomado desde 2011, também vivenciou transformações importantes. “Quando eu entrei [no] curso, ainda usava fita VHS nas matérias de telejornalismo. Lembro de ir comprar essas fitas no centro da cidade, nas lojas Americanas. Acompanhei, posteriormente, o uso de equipamentos de captação digital e o fim do VHS, com o uso dos cartões de memória. Era uma sensação que outras gerações não terão”, revela o jornalista.

Contar e conhecer histórias é a base do jornalismo, e já na graduação, é possível embarcar na vida de alguns personagens. “O curso de jornalismo e o jornalismo em si me abriram muitas portas. Cheguei a entrevistar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o juiz espanhol Baltasar Garzón (responsável pelo pedido de prisão do presidente chileno Augusto Pinochet), a princesa Michael de Kent (prima da rainha Elizabeth II), o historiador inglês Peter Burke, entre tantos outros. Pessoas que eu talvez nunca teria encontrado ou falado caso não tivesse o jornalismo no meio do caminho”, ressalta Tércio. 

Destaque nos projetos de iniciação científica, a Unicap apoia o estudo da comunicação. Foi justamente esse incentivo que possibilitou o futuro acadêmico de Tércio.  “Por meio do Pibic, iniciei uma pesquisa sobre suplementos literários que se encerra 13 anos depois. Depois de formado, fiz mestrado em História com esse tema e o doutorado, também em História, no qual estudo. Além disso, o suplemento foi editado pelo jornalista Mauro Mota, entre os anos de 1947 e 1959. O jornalismo foi importante para mim”, completa Amaral.  

RECORDAÇÕES

O jornalista Dr. Alexandre Figueirôa também é professor do curso há quase 30 anos, e garante que suas memórias mais marcantes são o reencontro com ex-alunos. “Eu fico muito emocionado quando encontro um aluno e ele faz elogios, lembra da formação que teve e agradece”, revela. 

O carinho dos alunos reflete o ensino recebido durante o período da graduação. As aulas práticas evidenciam experiências que auxiliam no desenvolvimento acadêmico e contribuem no futuro profissional do estudante. Tércio destaca a relevância destas aulas. “Ajudaram muito na questão de desinibição. A gente ia perdendo um pouco a vergonha de entrevistar, falar com as pessoas”, aponta.

Apesar de pouco valorizado no país, o professor exerce uma das profissões mais importantes. Aline afirma o carinho que possui pelos alunos. “Dá muito orgulho em poder participar dessa formação e ver que tanta gente boa foi, de fato, formada pela Universidade Católica de Pernambuco”, complementa.

“Ser professor da Unicap, para mim, é uma honra. É uma alegria. Eu aprendi e cresci muito. É um ambiente que valoriza o profissional e incentiva os professores. Há uma integração muito grande. Eu sou muito grato”, confessa o professor Alexandre.

CELEBRANDO OS 60 ANOS  

Com o sentimento de revisitar o passado e, ao mesmo tempo, pensar sobre o futuro, Aline destaca a importância de comemorar as seis décadas de ensino. “Durante tantos anos no curso, vimos a Universidade sempre cheia, com muita alegria, conversa e troca de energia. Vale a pena registrar como é fazer 60 anos em plena pandemia, em pleno isolamento social. É uma relação muito diferenciada”, afirmou a professora. 

Figueirôa partilha do mesmo sentimento e acredita que as contribuições de todos esses anos refletiram em sementes frutíferas. “Comemorar isso é muito importante, no sentido de pensar daqui pra frente, nos próximos 60 anos. Mesmo que a gente não esteja mais aqui, mas que esse curso continue com a força que tem e com essa potência. A gente resiste e continua com muita garra e com muita força. Então, tem que festejar”, reconhece o jornalista.