Por Luiz Rodolfo Libonati

A esta altura da pandemia, é possível dizer que não há uma pessoa sequer cuja vida não foi afetada pelo que todos nós nos acostumamos a chamar de “o novo normal”. Com comércios, cidades, escolas e tudo mais paralisado, é indiscutível que coletivamente precisou-se transformar a rotina. Para além de nos adaptarmos, conseguimos nos refugiar em casa, nos proteger, em meio aos lockdowns e à constante ameaça virulenta.

Pelo menos, assim pensamos antes de refletir melhor. Para quantos de nós foi possível cumprir medidas preventivas como a quarentena no lar? Rapidamente chegamos ao fato de que milhões de pessoas pelo Brasil têm enfrentado esse momento de crise sanitária e humanitária da exata forma como já estavam antes: sobrevivendo em extrema vulnerabilidade. Assim tem sido para a população em situação de rua.

Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), no ano de 2020, passaram fome 19 milhões de brasileiros, 7,7 milhões dos quais no Nordeste, região mais afetada. Nesse cenário, ao qual somam-se políticas públicas que pouco garantem os direitos de quem mais precisa, são os trabalhos voluntários de organizações civis e ONGs que garantem algum resgate desses direitos e compensam a negligência do Estado.

“A pandemia desmobilizou todas as estratégias de sobrevivência dessas pessoas. Fechou comércios, fechou a cidade. Os projetos que oferecem comida em doação também pararam de funcionar. Os trabalhos informais que elas realizavam não estavam acontecendo”, diz Rafael Araújo, presidente da ONG Samaritanos Recife. Em união com outras iniciativas na Região Metropolitana do Recife, a Samaritanos manteve suas ações regulares (distribuição de comida e roupas, assistência jurídica, pontos de higienização, capacitação profissional, entre outras), sempre abertas a quem queira se juntar.

Ao longo da semana de Natal, a ONG faz a distribuição de comida à noite, com cardápio natalino, e, nesta quarta-feira (22), é promovida pelos voluntários uma Ceia de Natal, com jantar especial e presentes para as pessoas em situação de rua, em parceria com a Paróquia de Casa Forte, onde será o encontro. São aceitas doações de alimentos, vestimentas, calçados e materiais de limpeza e higiene pessoal, além de itens como lençóis e cobertores, com entregas na Casa Samaritanos (Rua Major Codeceira, 74, Santo Amaro).

Outro ato valioso acontece no Armazém do Campo – MST, com o projeto Marmita Solidária, criado na pandemia pela Campanha Mãos Solidárias, articulação de inúmeros movimentos populares e organizações, e a Arquidiocese de Olinda e Recife, com distribuição de marmitas no Centro, Olinda e Boa Viagem.

Nesta quinta-feira (23), abraçando a campanha Natal Sem Fome, entre outras ações, o MST recebe na ponte Maurício de Nassau alimentos da reforma agrária para cestas que serão doadas nas periferias da cidade. No último mês, ainda, a articulação de voluntários Mãos Solidárias inaugurou no Pina a Cozinha Popular Solidária, em combate à insegurança alimentar e com a qual é possível contribuir doando alimentos, e também itens como máscaras de proteção, no próprio Armazém do Campo (Avenida Martins de Barros, 387, Santo Antônio).

Pega as dicas:

ONG Samaritanos Recife
Doações: PIX: 32.589.782/0001-32 (CNPJ)
Contato/WhatsApp: (81) 3204-6663
Outras informações: https://www.samaritanosrecife.com.br/

Armazém do Campo/Campanha Mãos Solidárias (Associação da Juventude Camponesa Nordestina – Terra livre)
Doações: PIX: 09.423.270/0001-80 (CNPJ) / Transferência bancária: Banco do Brasil, Agência 0697-1, Conta Corrente 58892-X (outros bancos, substituir o X por 0)
Contato/WhatsApp: (81) 98182-8197
Outras informações: https://www.campanhamaossolidarias.org