Nesta quarta-feira, 14, e quinta-feira, 15, acontece a Jornada de TCCs referente ao semestre que fecha o ano. No total serão 12 projetos de conclusão dos alunos do curso de Jornalismo e que abrangem as áreas de monografia, mídias sonora e audiovisual. Ao todo, são cinco monografias, seis podcasts e um videodocumentário.
De acordo com a professora e coordenadora do curso de Jornalismo, Andrea Trigueiro, para os alunos ainda em meio à graduação, fazer proveito das apresentações dos concluintes vai muito além de apenas ouvir. Existe ali uma grande oportunidade de observar os temas, as abordagens, recortes de trabalho e a variedade na utilização dos diferentes formatos. “Por que determinado tema sai bem com uma monografia, ou com uma série de podcasts, ou ainda com um documentário audiovisual?”, reflete ela, que destaca ainda o aspecto de entender o que produzem os mais novos jornalistas em direção ao mercado de trabalho.
As bancas de defesa, para o professor Cláudio Bezerra, são um momento importante sob vários aspectos. “Elas marcam o fechamento de um ciclo na vida dos e das concluintes; momento em que apresentam o fruto daquilo que foi a passagem pelo curso, em termos de formação”, afirma. Além disso, ele aponta, as apresentações representam um rito de passagem para o exercício da profissão.
Nesta Jornada, se apresentam os alunos orientados pelo professor Cláudio:
• João Pedro de Carvalho Albuquerque Melo – monografia: “A interatividade com o público nas transmissões esportivas: o caso da TNT Sports”;
• Ana Luiza de Castro Freire – monografia: “O combate à violência sexista no jogo Valorant na plataforma Tik Tok”;
• Maria Eduarda Lavoisier Nascimento de Oliveira – monografia: “Espectro punitivista: o sistema prisional à luz do programa Fantástico da Rede Globo”;
• Hugo Galli Damin – monografia: “Branding digital: uma análise da estratégia comunicacional da EJ Unicap na mídia social Instagram”;
• Laís Nogueira Galdino – monografia: “Fake news e discurso negacionista contra a vacina da Covid-19 na plataforma Telegram”;
• Angélica Jamhur – videodocumentário: “Página 12”;
• João Pedro de Sousa Pinheiro Barros – podcast: “A presença da cidade na música independente de Pernambuco”.
E, sob a orientação da professora Andrea Trigueiro:
• João Paulo de Oliveira Ribeiro – podcast: “Dichavando – A proibição da maconha no Brasil”;
• Pedro Augusto Tomé da Rocha Pequeno – podcast: “Podcast In-Fluência – O influencer e a sua influência na mídia”;
• Emerson Saboia Pires de Sá – podcast: “O jogo do extremismo: como a ultradireita vem se aproximando da comunidade gamer”;
• Lucas dos Santos Carvalho – podcast: “Paralimpicast – Destaques do paradesporto pernambucano”;
• Aline Beltrão Luna Andrade Vaz Curado – podcast: “Abra-alas: o impacto da pandemia da Covid-19 no carnaval de Olinda”.
Os temas são muito variados. A aluna Angélica Jamhur escolheu trazer uma abordagem sobre a violência imagética do caderno policial nos primeiros anos do jornal Folha de Pernambuco. Para o TCC ela realizou o videodocumentário “Página 12”. “Fala sobre duas coisas muito próximas da gente, que são a ética do jornalismo e como as pessoas que estavam na rua, fazendo as reportagens nas rondas, respondiam a essa violência e situações de perigo, quase insalubres”, diz, destacando ainda os Direitos Humanos, o desrespeito simbolizado na exposição de cadáveres e a forte questão racial desse contexto. Na execução do produto, conta, enfrentou desafios devido à pandemia e à busca pelos arquivos antigos do jornal. Para o futuro, Angélica considera levar a temática adiante em novos desafios acadêmicos.
Já o aluno Emerson Saboia decidiu pelo podcast para discutir como a extrema-direita e a comunidade gamer têm se relacionado cada vez mais. Para ele, evidenciam o tema os fatos da indústria dos games ser a maior do mundo, de 74% dos brasileiros serem gamers e da academia pouco explorar o assunto no Brasil. “A gente está um governo extremista, vê a pauta liberal crescer e o gamer tem uma ligação forte com isso, porque ele é movido pelo consumo. E, também, a comunidade é um espaço fértil para o preconceito. Então, quando combina essa força do ódio, a vontade de consumir, o cenário político que vivemos no Brasil e como o brasileiro joga videogame, a gente percebe que o gamer é, sim, um instrumento político”, avalia. Após formado, Emerson pretende tratar de assuntos relacionados. “Podem ser os gamers, incels, anarcocapitalistas. Acho que essa galera tem algo muito rico, jornalisticamente, para a gente entender”.
No modelo da monografia, a aluna Maria Eduarda Lavoisier optou em investigar a propagação do discurso punitivista e tomou como base de análise o programa Fantástico, da Rede Globo. “Entende-se, como aspecto de pertinência, a intersecção entre a comunicação, o direito e a sociologia. Estudar como o punitivismo se manifesta em instituições estatais, como o sistema carcerário é, de fato, muito denso”, explica ela, para quem “o ponto mais interessante é justamente voltar a discussão para um programa considerado nobre e distante do viés policiaresco”. Em seu processo, analisou as dinâmicas de opressão latentes e as controvérsias do cárcere segundo a obra de Foucault. “Se pararmos para pensar na realidade política e social brasileira, o sistema penal se configura como um dos centros de controvérsia”, afirma. A partir da pesquisa do TCC, Maria Eduarda deseja levar a temática em uma tese de mestrado e doutorado.
Diante dessas e de todas as produções estudantis, os professores orientadores salientam seu potencial acadêmico e profissional, além da contribuição das mesmas para aqueles que percorrem ainda a graduação. “É, no fim das contas, um grande portfólio do trabalho realizado pelos alunos”, afirma Andrea Trigueiro. Nesse sentido, vale bastante observar os argumentos de avaliação, segundo Cláudio Bezerra. “As bancas são uma espécie de aulas especiais, em que profissionais da área avaliam os projetos a partir de critérios jornalísticos e/ou científicos, do exercício da profissão com ética e sensibilidade social”, conclui.