Por Luiz Carlos Pinto

Um dos desafios que se apresentam a quem faz reportagem ou produção é encontrar especialistas que possam contribuir com a construção de análises, pontos de vista e informações confiáveis. Recorrer a cientistas sociais ou das ciências exatas permite ainda contribuir com a divulgação e valorização do trabalho dessa comunidade. Mas, muitas vezes, no processo de construção de uma reportagem, a falta de tempo hábil acaba fazendo com que as mesmas fontes sejam acionadas ou que sejam interpelados cientistas que não desenvolvem trabalhos naquela área específica que é objeto da reportagem. O resultado é que, por um lado, a repetição das mesmas fontes reduz a diversidade de pontos de vista ou, por outro lado, pode gerar opiniões mais generalistas.

Algumas estratégias podem ser colocadas em prática por repórteres e produtores para evitar essas coisas. Uma delas é fazer uso de dois recursos públicos para encontrar especialistas nos assuntos sobre o qual se pretende tratar. Um desses recursos é a Plataforma Lattes, mantida pelo governo federal com os currículos de todos os cientistas, de todas as áreas, com atuação no Brasil.

Na Plataforma Lattes é possível identificar as áreas de especialidade, as produções (artigos, livros, participação em programas de rádio, etc) de cada cientistas, seja ele estudante de PIBIC ou doutor. O site fica no endereço lattes.cnpq.br/. Do lado direito, na parte de cima, há uma opção de “Buscar currículo” e você pode fazer a busca pelo nome do cientista que quer entrevistar (caso você já saiba) ou pelas áreas de interesse.

Os currículos em geral apresentam uma pequena apresentação, onde estão disponibilizadas as áreas de interesse e o que o cientista está fazendo atualmente. Também é possível saber onde ele ou ela trabalha e como contatar para uma entrevista, por exemplo.

Outro recurso muito importante é o Periódicos Capes (https://www.periodicos.capes.gov.br/) um repositório de revistas científicas com artigos de inumeráveis áreas que podem ser de interesse para uma reportagem. A plataforma também é mantida pelo governo federal e serve como fonte de pautas ou de análises sobre determinado assunto. 

Os artigos disponíveis fornecem os contatos de cientistas e podem servir como ponto de partida para a elaboração mais detalhada da pauta. O serviço oferece uma aba de buscas por assunto e área de interesse.

O uso conjunto desses dois recursos se soma ao trabalho de investigação de um tema que requeira uma abordagem técnica ou científica mais presente. Muitas vezes a reportagem passa por esse trabalho de formiguinha de encontrar boas fontes e boas análises que contribuam de forma substantiva com a produção.

A partir daí, é interessante estabelecer relações e acompanhar aquele ou aquela cientista e ir formando um banco de fontes afiado. É uma estratégia sempre válida manter um conjunto atualizado de fontes científicas com as quais contar.