Por Rafael Gueiros

Maria Clara Monteiro cresceu em uma cidade pequena, Bom Conselho, no agreste do Estado, divisa entre Pernambuco e Alagoas. O gosto pela literatura e pela escrita surgiu na infância, por influência de sua mãe, Cristiane Monteiro. Maria Clara cresceu sabendo que amava escrever e desejando trabalhar com a escrita.

Maria Clara

No ensino médio Clara mudou-se para Garanhuns. Ainda não tinha ideia da profissão que faria no futuro. Mas só até sua mãe lhe sugerir cursar jornalismo. “Eu fiquei pasma! Nunca havia passado pela minha cabeça essa possibilidade”. A estudante relembra: “pensava que para aparecer na TV ou no rádio era só saber falar bonito”.  Maria Clara ficou deslumbrada com o mundo do jornalismo e decidiu tentar o vestibular para a faculdade mais próxima, que ficava em Caruaru. “Não teve um dia que eu não desejasse estar na universidade. Por isso, estudei com muita vontade para que esse dia chegasse”. Maria Clara passou em primeiro lugar na faculdade de Caruaru. Mas, novamente, sua mãe interviu, insistindo que ela fizesse o vestibular para a Unicap.

Maria Clara e sua mãe Cristiane Monteiro

Maria Clara foi aprovada na Unicap em 2018. Ficou eufórica, ao mesmo tempo em que surgiu o nervosismo pela mudança. “Quanto mais o dia de vir para o Recife chegava, mais o nervosismo tomava conta de mim. As mãos suadas. A respiração curta e ofegante. Tremor”. O sentimento inicial se transformou em insegurança, pois no segundo dia em Recife ela se encontrou sozinha pela primeira vez. “O resto do dia foi de uma angústia sem tamanho. Não via graça em mais nada. E o temível questionamento veio: será que valeria a pena?”.

Maria Clara sabia que todo início era difícil, porém o dela parecia muito pior. “Não sabia que sentiria falta até das coisas que eu reclamava”. Passou seu aniversário sozinha, “Foi o primeiro ano em que não tive uma mesa rodeada das pessoas que eu amava celebrando o meu dia comigo. Foi um dia triste”. Na data, que deveria ser comemorativa, ela fez um pedido. Desejou que as coisas ficassem mais fáceis ou que ela ficasse mais forte. O pedido se realizou aos poucos, pois daí em diante a angústia foi se desfazendo.

A estudante fez amizades que se tornaram quase uma família, unida pela paixão pelo jornalismo. Escreveu para blogs, criou o seu, foi voluntária na Agência Laboratório de Práticas Inovadoras em Comunicação – Unilab do curso de Jornalismo, conseguiu seu primeiro estágio, apresentou um artigo científico no maior congresso de comunicação do país, o Intercom 2021. Hoje está no sétimo período do curso, agarrando todas as oportunidades que aparecem. Quando olha para trás, Maria Clara pondera sobre sua família – tanto a de sangue quanto a construída em Recife. “Percebo que não seguiria tão firme se não fosse o apoio da minha família e das amigas que a universidade me deu. Ana Carolina, Carol, Dani, Lara, Luma, Mari e Thayla”, destaca a estudante. “Elas me levaram para passear e para conhecer o Recife além dos shoppings e das praias. E, nesses instantes, eu voltava a ser a mesma menina sonhadora dos 17 anos. Sentia que aqui era o meu lugar. Junto delas.”

Maria Clara e suas colegas de classe

Atualmente Maria Clara está elaborando o projeto de seu TCC, na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso I, orientada pelo professor Filipe Falcão. O projeto prioriza sua paixão, o jornalismo literário. Apesar de sentir saudades, a estudante acompanha a vida da sua família, minimizando a distância que existe entre Garanhuns e Recife. Ela fala com seus avós por ligações, recebe notícias de seus primos por videochamadas e acompanha tudo por mensagens. “Ainda assim, vale a pena. E se eu pudesse faria tudo de novo. Eu largaria tudo pelo Jornalismo. E esse amor me dá a força que preciso para seguir. Seja por onde for.”

Maria Clara durante um stand-up da cadeira de telejornalismo