Por Myllene Pedroso
A história que vamos contar hoje é a de Lucas Carvalho. Estudante do curso de Jornalismo da Unicap, ele tem 21 anos. Lucas é o único atleta nordestino da Seleção Brasileira Paralímpica de Tênis de Mesa. Para poder conciliar a agenda de treinos com as aulas da graduação, Lucas está desperiodizado, com cadeiras do 5° ao 8° períodos. Apesar das grandes conquistas ao longo de sua trajetória, ele teve um começo um tanto difícil. Como toda boa história tem seus desafios. Quando ainda era recém-nascido, foi descoberto que Lucas tinha um neuroblastoma em sua coluna. Mesmo após cirurgia, ainda restaram sequelas. “Fiquei com alguns déficits motores nas pernas, falta de força, sensibilidade… Mas, por ser uma lesão leve, nunca me impediu de fazer nada. Sempre fui um cara muito ativo”, conta. “Quem sofreu mesmo foi minha família. Eu era só um bebê, não lembro de nada.” Lucas ainda conta que seu irmão, Gustavo Carvalho, é seu braço forte e parceiro de treino favorito.
Entre aulas e treinos, Lucas afirma que é uma pessoa muito tranquila e centrada e não hesita em traçar voos altos e bem calculados em busca do seu objetivo: representar o Brasil no Tênis de Mesa. O foco, dessa vez, é Paris 2024. “Desde criança sou apaixonado por esportes, já fiz tudo o que você imaginar. O contato com o tênis de mesa apareceu quando estudei no meu primeiro colégio e lá era muito voltado só para o lazer. Mas, foi no meu 7° ano do Fundamental, onde comecei a ter aulas de verdade e o professor viu muita aptidão em mim”, recorda. Nessa época, ainda menino, foi chamado para integrar a equipe da Universidade Católica de Pernambuco.
A caminhada académica de Lucas se encaixa perfeitamente com o que ele já faz como atleta. Jornalismo foi uma escolha certa e apesar dos enormes desafios para conciliar as duas áreas, já que os treinos levam de 2h30 a 3h/dia durante 5 dias na semana, o cansaço e os sacrifícios valem a pena. Ele conta que sua maior inspiração, sem dúvidas, foi a mãe, Ana Paula Santos, jornalista esportiva, que atuou por muitos anos no Diário de Pernambuco. “Fiz uns 2 períodos de Direito, mas, por ser muito engessado, vi que não era meu lugar. Em Jornalismo, eu poderia explorar mais a criatividade. Por isso, escolhi e não me arrependo. Estou bem satisfeito dessa maneira”, garante
Lucas já conquistou inúmeros prêmios como paratleta, em 10 anos de carreira. Seus prêmios de maior repercussão no Tênis de Mesa foram: tricampeão brasileiro na Classe 9, bronze no Parapan de Lima – 2019, ouro por equipes e prata no individual – Pan Americano na Costa Rica 2017, medalhista nas seguintes etapas do circuito mundial (Argentina, Chile, Costa Rica, Espanha, Itália); primeiro pernambucano a disputar um Mundial Adulto de TM (Eslovênia 2018) e agora ocupa o 7º lugar no Ranking Mundial Sub 23 e 33º no adulto, na Classe 9.
As expectativas para a carreira como jornalista ficaram para mais adiante pois seu foco, no momento, são as competições mundiais. Mas, ele é bem engajado nas notícias do mundo esportivo, em especial no basquete. Junto com outros colegas, Lucas criou um podcast independente @28podcast. Além disso, ele também publica em uma plataforma de jornalismo social, “Medium”. Para acessar, clique aqui. E para aqueles que estão ingressando agora ou até mesmo, perto de se formar, Lucas deixa uma dica. “Se livre dessa ideia de que você tem que morrer abraçado num curso… Se você tem outra paixão, além do Jornalismo, siga, toque o barco sem medo de ser feliz. Um clichê que sempre carrego é o de que só temos uma vida, então temos que aproveitar. Fazer tudo o que tem vontade”, finaliza.
Amei a matéria, a História do Lucas é incrível.
Parabéns, minha filha pela reportagem. Como tbm ao Lucas, pôr essa força e determinação.