Criação e pioneirismo. Esta é a marca do Icinform – Instituto de Ciências da Informação, idealizado pelo jornalista, professor e pesquisador, Luiz Beltrão, fundador do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco. O Instituto, instalado simbolicamente no mesmo dia da formatura da primeira turma do curso, em 15 de dezembro de 1963, é o primeiro
instituto de pesquisa em Comunicação do Brasil que se tem conhecimento.
Preocupado com o ensino jornalístico e com a compreensão dos fenômenos e processos comunicacionais, Beltrão compreendeu logo cedo que havia necessidade não só de formar profissionais competentes e habilitados para o mercado jornalístico, mas que era urgente, também, desenvolver pesquisas que dessem conta de estudos sobre o campo da comunicação brasileira, de forma especial sobre os veículos de comunicação de massa existentes e a comunicação popular. Luiz Beltrão, visionário que era, entendia que processos comunicativos são fundamentais e determinantes para uma sociedade, sobretudo, a sociedade que almeja ser democrática, inclusiva e diversa.
O Icinform foi responsável pela formação de pesquisadores e configurou-se como um diferencial do curso na época, sendo um dos principais legados de Beltrão para a investigação científica da informação no país. Foi a porta de entrada para que egressos do curso de Jornalismo da Unicap se transformassem em pesquisadores nas décadas de 1960 e 1970, entre eles, Roberto Benjamin, Gaudêncio Torquato, Salett Tauk, Luiz Custódio, Valdelusa D’Arce, Lúcia Noya, Carlos Benevides, Maria Luiza Nóbrega e José Marques de Melo, este último, inclusive, foi um dos fundadores da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, que reúne hoje pesquisadores de todo o país.
As primeiras pesquisas do Icinform trataram das relações de trabalho na imprensa local e na análise de conteúdo e forma de produtos jornalísticos, a exemplo da crônica policial dos jornais impressos do Recife. Seus resultados estão publicados na Revista Comunicação & Problemas, outro pioneirismo do curso de Jornalismo da Unicap, criada em 1965, e que é considerada a primeira publicação acadêmica científica brasileira no campo da Comunicação no Brasil.
A semente da pesquisa plantada por Beltrão floresceu na Unicap. No final dos anos de 1990, professores e estudantes dos cursos de Comunicação voltaram a destacar o foco nas pesquisas e criaram o grupo de Pesquisa e Mídia Contemporânea. Nos anos seguintes, o Icinform foi refundado e rebatizado como Instituto de Estudos de Convergência Midiática e da Informação, que de forma interdisciplinar, passou a integrar pesquisadores de várias áreas do conhecimento e cursos da
Universidade e de outras instituições. Essas iniciativas foram embriões para a criação do curso de pós-graduação stricto sensu, o Mestrado Profissional em Indústrias Criativas da Unicap.
Outro reforço na consolidação das pesquisas em Comunicação da Unicap foi a retomada dos trabalhos da Cátedra Luiz Beltrão, que promove estudos e debates sobre o significado da comunicação na construção de sentidos e identidades; sobre as transformações pelas quais passam o Jornalismo e os processos de informação e comunicação, a exemplo de fenômenos como a potencialização e expansão da internet e suas plataformas; as reflexões e debates sobre a regulação desse espaço e as implicações da inteligência artificial nos processos comunicativos atuais. Tudo isso, sem perder de vista os pressupostos teóricos de Luiz Beltrão, aliando pesquisa, ensino e extensão. Faces do curso de Jornalismo da Unicap que há 62 anos (é o curso há mais tempo em funcionamento no Norte e Nordeste do Brasil) se renova e inova suas práticas e sua história.
Por Aline Grego