Portal de Conferências da Unicap, v. 2, n. XXIII, 2021: Semana de Estudos Linguísticos e Literários da Unicap

Tamanho da fonte: 
HÁ ESPERANÇA NOS RELATOS DESUMANIZADOS EM “O QUINZE”
Lidiane Da Silva Monteiro, Adrielly Da Silva Gomes, Niciene Dina Campos De Oliveira Nascimento

Última alteração: 2021-10-21

Resumo


O Objetivo deste artigo consiste em demonstrar que existe na oralidade apresentada no discurso da obra “O Quinze”, de Raquel de Queiroz, características de uma linguagem, que não aponta apenas, a temática da seca como denúncia, mas também como forma de identidade cultural, denotando assim, o caráter universalista da obra. A representação da seca na literatura regionalista apresenta uma variação sistemática de abordagens e consequências, das quais podemos citar como exemplos, os impactos produzidos diretamente sobre os setores pecuário e agrícola, a escassez de recursos hídricos, bem como, a fome, a miséria, dentre outros fatores. Assim, na medida em que a autora apresenta as desigualdades sociais e o determinismo como causa recorrente, na composição do enredo no romance “O Quinze”, ela demonstra algumas peculiaridades do discurso regionalista em sua obra, aliás, peculiaridades essas que podem ser observadas também em outras obras desse gênero, sobretudo nas publicações de 1930. Com isso, a seca ganha destaque em muitas análises no campo da sociologia e antropologia, entretanto, destacaremos a concepção ideológica, no que corresponde à manutenção da instituição da dominação de classes, considerando o recurso da metalinguagem utilizado pela autora. Dessa forma, sabendo que ainda é possível identificar, por meio do discurso, características de uma ideologia que tenta justificar as desigualdades sociais, utilizaremos as contribuições de Thompson (1995) para realizar uma análise crítica através de como pode existir a manutenção de ideologias através dos discursos que circundam tanto a classe dominante quanto as populares. Em vista disso, conduzimos um estudo a respeito das marcas linguísticas na composição textual dessa obra, no que compreende a linguagem popular nordestina, e sobre como elas representam a linguagem de um povo, que embora em um contexto funesto, demonstra generosidade e compaixão.

 


Palavras-chave


Discurso; Literatura; Linguagem.

Referências


BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. (Tradução: Bezerra, Paulo). São Paulo: Editora 34, 2016.

GANCHO, Cândida Viláres. Como Analisar Narrativas. São Paulo: Editora Ática, (7ª edição – 9º impressão), 2004.

GARRIDO GALLARDO, Miguel Ángel. Nueva introducción a la teoría de laliteratura. Madrid: Editorial Síntesis, 2004.

GIORDANI, Rosselane Liz. As Relações de Poder exercidas Através do Discurso. BOCC: 2011. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/giordani-rosselane-as-relacoes-de-poder-exercidas-atraves-do-discurso.pdf Acesso: 30/04/21

GOFFMAN, Erving. Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980.

MARCUSCHI, Luis Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Editora Parábola, (1ª. Edição – 11ª. Reimpressão), 2018.

MARQUES, Maria Helena Duarte. Iniciação à semântica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 5ª ed. 2001.

MESQUITA, Samira Nahid de. O enredo. São Paulo, SP. Editora Ática, 3ª ed. 1994.

QUEIROZ, Raquel de. O Quinze. Rio de Janeiro, RJ: Cameron, 1930.

Thompson, Jhon B. Ideologia Cultura Moderna : teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.