Portal de Conferências da Unicap, v. 2, n. XXIII, 2021: Semana de Estudos Linguísticos e Literários da Unicap

Tamanho da fonte: 
OS GÊNEROS DISCURSIVOS NOS MATERIAIS DIDÁTICOS DA REDE ESTADUAL PAULISTA
Renata Cristina Alves

Última alteração: 2021-05-06

Resumo


Dada a normatividade da BNCC (BRASIL, 2018), as redes de ensino reelaboraram seus currículos a fim de atender tais aspectos. Nesse sentido, a SEDUC-SP reformula sua base comum e, em consequência, reconstrói os materiais didáticos, nível de concretização curricular apresentado ao professor, à luz dessa nova base comum. Assim, este trabalho objetiva refletir sobre como se dá a seleção e trato dos gêneros discursivos nos materiais didáticos da rede estadual paulista, SP Faz Escola. Para tanto, a ancoragem teórica dá-se na perspectiva dos estudos Bakhtinianos da linguagem (BAKHTIN, 2006 [1979]; BAKHTIN; VOLOCHÍNOV, 2014 [1929]), dos estudos dos novos (LANKSHEAR; KNOBEL, 2012) e multiletramentos (THE NEW LONDON GROUP, 1996, 2006 [2000]), os quais viabilizam analisar a inserção e trato dos gêneros no currículo paulista. Ampara-se ainda na pesquisa quantitativa (MOITA-LOPES, 1994) de caráter documental (LANKSHEAR; KNOBEL, 2008; LÜDKE; ANDRÉ, 2018), na área da Linguística Aplicada (PENNYCOOK, 1998; RAJAGOPALAN, 2003), o cotejo entre os textos (BAKHTIN, 2006 [1979]; GERALDI, 2012) possibilita a compreensão das relações estabelecidas, tendo em vista que a materialidade linguístico-semiótica é sempre ancorada socialmente (BAKHTIN, 2006 [1979]; BAKHTIN; VOLOCHÍNOV, 2014 [1929]). Os resultados parciais mostram que, de fato, há uma preocupação com gêneros contemporâneos, os quais, inseridos no âmbito digital, os alunos possuem maior contato. Por fim, por meio deste trabalho espera-se contribuir com as discussões sobre ensino de língua portuguesa, para o contexto básico e público.


Palavras-chave


gêneros discursivos; ensino de língua portuguesa; currículo prescrito; currículo apresentado ao professor

Referências


BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. 4. ed. Tradução Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2006 [1979].

BAKHTIN, Mikhail; VOLOCHÍNOV, Valentin Nikolaevich. Marxismo e Filosofia da Linguagem. 16. ed. Tradução Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira, com a colaboração de Lúcia Teixeira Wisnik e Carlos Henrique D. Chagas Cruz. São Paulo: Hucitec, 2014 [1929]. 203 p.

BRASIL. Ministério da Educação. Base   Nacional   Comum   Curricular: Educação é a Base. Brasília: MEC/CONSED/UNDIME, 2018a. Disponível em:  http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 21 out. 2019.

GERALDI, João Wanderley. Heterocientificidade nos estudos linguísticos. In: GEGE (Grupo de Estudos dos Gêneros Discursivos). Palavras e contrapalavras: enfrentando questões da metodologia Bakhtiniana. São Carlos: Pedro & João Editores, 2012. p. 19- 39.

LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. Pesquisa Pedagógica: do projeto à implementação. Trad. Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed, 2008.

LANKSHEAR, Colin; KNOBEL, Michele. ‘New’ literacies: technologies and values. Revista Teknokultura, v. 9, n. 1, p. 45-69, 2012.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. 2. ed. Rio de Janeiro, E.P.U., 2018

MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Pesquisa interpretativista em Lingüística Aplicada: A linguagem como condição e solução. In: D.E.L.T.A., v. 10, n. 2, 1994. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/delta/article/view/45412/29985. Acesso em 25 set. 2020.

PENNYCOOK, Alastair. A Lingüistica Aplicada dos anos 90: em defesa de uma abordagem crítica. In: SIGNORINI, Inês; CAVALCANTI, Marilda C. (org.) Lingüistica Aplicada e Transdisciplinaridade. Campinas: Mercado de Letras, 1998. p. 21-46.

RAJAGOPALAN, Kanavillil. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2003.

SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Currículo Paulista. São Paulo: SEDUC, 2019a. Disponível em: http://www.escoladeformacao.sp.gov.br/portais/Portals/84/docs/pdf/curriculo_paulista_26_07_2019.pdf. Acesso em: 10 out. 2019.

SÃO PAULO (Estado). Aprender Sempre 9o ano Ensino Fundamental Língua Portuguesa. São Paulo: SEDUC, 2021a. Disponível em: <https://efape.educacao.sp.gov.br/curriculopaulista/wp-content/uploads/sites/7/download/Aprender Sempre - Língua Portuguesa/Ensino Fundamental - Anos Finais/Aprender Sempre_LP_9 ano.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2021

SÃO PAULO (Estado). Currículo em Ação 9 Nono Ano Ensino Fundamental II Caderno do AlunoSão Paulo, 2021b.

SÃO PAULO (Estado). Língua Portuguesa - Habilidades essenciais. São Paulo: SEDUC, 2021c.

THE NEW LONDON GROUP. A pedagogy of Multiliteracies: designing social futures. 1996. p. 60-92.

THE NEW LONDON GROUP. A pedagogy of Multiliteracies designing social futures. In: COPE, Bill; KALANTZIS, Mary (org.). Multiliteracies: Literacy Learning and the Design of Social Futures. New York: Routledge, 2006 [2000]. p. 9-37.