UMA ANÁLISE SEMÂNTICA ENUNCIATIVA DA “AMIZADE” ENTRE OS EUA E O BRASIL, ATRAVÉS DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA DE WALT DISNEY
Monika Lira Malhoit, Isabela Barbosa Rêgo Barros
Última alteração: 2021-10-21
Resumo
A influência do estilo de vida do modelo capitalista norte-americano, American Way of Life, sobre a sociedade brasileira teve início ainda em tempos remotos e perdura na contemporaneidade. A propósito da criação de um laço de “amizade” que se pretendia alcançar entre os países vizinhos da América do Sul, o presidente estadunidense, Franklin Delano Roosevelt (FDR), viabiliza a política da “Boa Vizinhança” com a intenção de unir forças entre as Américas, contra o regime ditatorial da Alemanha Nazista de Adolf Hitler. A ideia do governo era fazer uso da linguagem do cinema de animação de Walt Disney como forma de arma bélica para afastar as influências nazistas do poder. Assim, foi lançada a obra fílmica “Alô Amigos”, veiculada nos cinemas em 1942, no tempo em que o mundo vivia uma crise democrática com a explosão da Segunda Guerra Mundial. O filme apresenta, pela primeira vez, Zé Carioca para contracenar com o seu “amigo” Pato Donald para uma vasta plateia de espectadores, com diálogos carregados de mensagens decodificadas de guerra, sob o véu do entretenimento cinematográfico. Assim, este estudo tem como objetivo investigar a relação cultural entre o Brasil e os Estados Unidos, com foco na linguagem enunciativa dos protagonistas do filme citado, sob a luz da teoria da Enunciação de Émile Benveniste (2005, 2006). Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, do tipo documental, uma vez que foi lançado um novo olhar a um material fílmico, que, apesar de destacar quatro países da América Latina, este estudo se voltou apenas ao cenário brasileiro. Os procedimentos metodológicos se basearam no discurso dos personagens, através da transcrição audiovisual das cenas selecionadas e análise dos enunciados, que contemplam os elementos indicadores da subjetividade, doravante dêiticos, com ênfase a categoria de pessoa. Por sua vez, os dados encontrados na leitura do sentido implícito na linguagem dos sujeitos/personagens nos permitiram concluir que ambos trazem marcas identitárias, seja nas suas falas (idiomas), ou nas marcas semióticas apresentadas em seus corpos, como reais representantes de seus países de origem. Na nossa visão, a linguagem bem empregada, através da mídia, para atingir a sociedade que se desejava alcançar teve um poderio maior do que as mais valentes espadas de fogo poderiam alcançar.
Palavras-chave
Linguagem; Sociedade; Semântica enunciativa
Referências
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