Portal de Conferências da Unicap, v. 2, n. XXIII, 2021: Semana de Estudos Linguísticos e Literários da Unicap

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Drácula e a literatura gótica
Mariana Dias Pinheiro Santos

Última alteração: 2021-06-13

Resumo


Caracterizar em Drácula (1897), de Stoker, as influências, recusas e manifestações que a obra tem com a modernidade não é uma tarefa fácil. O romance, ainda que possa ser caracterizado como gótico por conta de suas ambientações e personagens, se encontra, temporalmente, distante do contexto marcante que é, em certa medida, mais simples de ser caracterizado em O Castelo de Otranto, Os mistérios de Uldofo, O monge e Frankenstein. Ora, nas obras gótica supracitadas, podemos demarcar uma recusa da sociabilidade, da ciência ou da moral que é característica ao tempo em que cada romance foi escrito. Ou seja, o gótico, neste recorte, é tomado como uma literatura na qual anseios e medos dos autores são expostos e isso diz respeito a elementos contemporâneos aos escritores, trata-se de um movimento que pode ser considerado como conservador. Entretanto, diferentemente das obras que compõem a primeira fase do romance gótico, Stoker não parece estar preocupado, em Drácula, em propor uma recusa aos ideais de seu tempo, muito pelo contrário, parece afirmá-los. Em última instância, o que, exatamente, Stoker propõe através de sua obra gótica que distingue-se tanto de outras do mesmo gênero? É isto que esse texto pretende responder.

Palavras-chave


Stoker; Drácula; Literatura Gótica; Literatura e Filosofia

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