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louvar Nossa Senhora do Rosário e coroar o rei e a rainha dos negros, um encontro marcadopela exuberância e sua diversidade cultural. O cortejo no entanto é a parte pública dessamanifestação cultural, marcada pelas relações complexas (sociais, religiosas e políticas) quese estabelecem durante todo o ano no interior de cada quartel (sede do terno). Nesse sentido,destaco o Terno Zumbi dos Palmares, que há quase trinta anos participa das celebrações dacongada na cidade de Uberaba/MG. O projeto de pesquisa titulado “No rosário de Maria:Quilombismo no Terno deMoçambique Zumbi dos Palmares”, aprovado no programa de pós-graduação Interdisciplinarem Culturas Populares da Universidade Federal do Sergipe, busca caracterizar os processos eelementos dessa comunidade urbana, que se autodenomina “quilombo”. Esse autoreconhecimento encontra consonância nos estudos de Beatriz Nascimento, acerca deQuilombo enquanto consciência e capacidade de empreender. Os procedimentosmetodológicos foram iniciados em meados de 2018, com a vivência no terno, buscando naimersão compreender as particularidades e as complexidades das relações ali estabelecidas.Em 2019, iniciou-se de forma efetiva a pesquisa; realizando a partir da etnografia registros eentrevistas dos participantes, observação e participação ativa dentro do quilombo. Desde oprimeiro contato foi suscitada a questão: “Quais processos e elementos caracterizam o Ternode Moçambique Zumbi dos Palmares gerando pertencimentos nos seus praticantes?”. Osprimeiros resultados demonstram o ineditismo do grupo em relação aos outros ternos deUberaba/MG, como por exemplo, a patente de capitã ocupada pelas mulheres, o que nãoocorre na grande maioria dos ternos. Outro elemento que marca o ineditismo, é a presença dos“quilombeiros”, entidades que viveram no quilombo de Palmares e que se apresentam nacomunidade através de incorporações, trazendo conhecimento de cura por meio detratamentos naturais e espirituais. Nesse primeiro momento foram inventariados os principaiselementos do grupo, assim como o significado dos mesmos para o terno. Em seu livro “Ainvenção das Tradições” o escritor Eric Hobsbawn fala sobre “a utilização de elementosantigos na elaboração de novas tradições para fins bastante originais” o que em certa medidaencontramos nessa comunidade que utiliza de elementos das tradições de Moçambique econgada entrelaçando com diferentes tradições religiosas criando sua própria lógica, os seuselementos estéticos e sagrados e por consequência, sua própria tradição, essa que estáfortemente imbricada pelos debates contemporâneos acerca do negro na sociedade. Apesar denão concluída a pesquisa tem demonstrado a efetividade da imersão no interior dascomunidades tradicionais de cultura popular aliada a descolonização do olhar como potentesinstrumentos que auxiliam na compreensão de tais grupos sociais.

Terno de Moçambique. Congada. Comunidade. Quilombo. Tradição.