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Cultura, patrimônio e violência: “a experiência civilizadora do Maracatu de Baque Solto no Carnaval Metropolitano”
Thiago Pedro Gomes dos Santos

Última alteração: 2019-07-08

Resumo


No presente trabalho, reflito sobre as expressões de violência existentes no Maracatu Rural – na dança, assim como nas narrativas e mitos sobre lutas entre caboclos e grupos de antigamente –, reconhecendo, neste caráter “indesejado”, um traço fundamental da performance e do próprio sentido da brincadeira, combatido pela ação pública-institucional que, historicamente, interferiu diretamente na estrutura da brincadeira, resultando, por exemplo, na assimilação forçada de elementos do Maracatu Nação, e especialmente, controlando os conflitos entre brincantes, sob advertência da Federação Carnavalesca Pernambucana e da polícia. Nos domínios da retórica patrimonialista, nas diretrizes que regem o fomento e preservação das culturas, intenciona-se também o mantimento dos padrões civilizatórios, que permitem com que as estigmatizadas culturas populares, sejam convertidas, não apenas em instrumentos de desenvolvimento sociocultural, mas, em produtos artísticos aceitáveis, adequados aos veículos de comunicação, campanhas publicitárias e para o mundo do espetáculo, ocorrendo implicações diretas na produção ritual e na consciência de seus atores e realizadores. Yúdice (2004) explica que (…) “a relação entre as esferas cultural, política (...) e econômica (...) se tornou um meio de internalizar o controle social – isto é, via disciplina e governabilidade”.

Estas políticas reforçam interdições éticas e morais que, ao longo dos tempos, produzem uma nova consciência entre os brincantes, em especial, entre as novas gerações. Através da análise de histórias e contos compartilhados entre antigos e novos brincantes, que, invariavelmente, remontam episódios violentos ocorridos antigamente, obtidas durante período em que brinquei em dois maracatus da Zona da Mata Norte de Pernambuco, e, numa conversa atual com novos brincantes, reflito sobre as seguintes questões: de que forma, a política pública – de salvaguarda e fomento à cultura –, na sua implementação, atende às demandas da sociedade global? Qual a implicação prática destas intervenções entre as manifestações culturais, em suas respectivas comunidades e atores sociais? Desta forma, o caso do Maracatu Rural, não diferente do que ocorre de uma forma geral, com todas as expressões da cultura popular brasileira, alinha-se ao pensamento de Elias (1994), quando refere-se ao processo civilizatório da sociedade ocidental. Além da pesquisa bibliográfica, entre os títulos disponíveis sobre a temática, e as leituras teóricas, o trabalho constitui-se por meio do método etnográfico.



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