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BIOCIBERNÉTICA E O ADVENTO DO PÓS-HUMANO: PERSPECTIVAS, PROBLEMATIZAÇÕES E DIAGNÓSTICOS – O BIOCONSERVADORISMO E O TRANSHUMANISMO EM ANÁLISE.
Última alteração: 2019-07-10
Resumo
: É evidente que as transformações sociais e tecnológicas corroboram com a crescente transformação do capitalismo e de seus novos modos de colonialismo. Contemporaneamente, os limites entre biológico/tecnológico, natural/artificial, humano/máquina, têm se colocado de modo diluído e cada vez mais suscitado atenção entre a academia. Santaella, doutora em teoria literária pela PUC-SP, uma das principais referências da Semiótica de Pierce no Brasil, faz um adentro às novas tecnologias e seus desdobramentos filosóficos, psíquicos, éticos, evolutivos e morais, repensando o ser humano em face das novas tecnologias da cultura digital e os impactos dessas mudanças no corpo humano. Em uma linguagem poética, a autora diz que é preciso estar perto dos artistas em tempos confusos e conturbados como os nossos, uma vez que eles criam problemas e não se conformam com o já colocado: “eles que têm nos colocado frente a frente com a face humana das tecnologias” (SANTAELLA, 2010, p. 27), apontando formas de existências ‘pós-humanas’, ‘pós-biológicas’, com vistas à autonomia do sujeito, nestes tempos tecnológicos. Diante dessas duas perspectivas (tecnologia como instrumento de neocolonialismo e tecnologia como libertação, resistência – e aqui cabe às práticas de hackerativismo, por exemplo - e autonomia humana) vemos a importância de colocarmos esses assuntos em debate, uma vez que as tecnologias hoje se tornaram 2 tão indispensáveis na vida social que se dilui com o corpo humano. E já que não há existência, nem sociedade, sem tecnologia (SANTAELLA, 2010), como nos comportamos frente a isso? Método: Partindo dos debates da Antropologia da Ciência e da Tecnologia (ESCOBAR, 1994; SEGATA&RIFIOTTIS, 2016) e do contexto da América Latina, esse trabalho se propõe a articular os debates sobre o “Transhumanismo” e o “Bioconservadorismo”, tendo como aposte teórico o livro da Lucia Santaella, (mais especificamente, Introdução, Cap 8, 9 e 10) chamado: Culturas e Artes do Pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura (4ªEd. Paulus: São Paulo, 2010); o artigo do Murilo Vilaça e da Maria Dias chamado “Transhumanismo e o futuro (pós)humano” (Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 24 [ 2 ]: 341-362, 2014) e alguns insights da série premiada da comprada pela Netflix, BlackMirror, concebendo o debate da tecnologia, da biocibernética e das transformações do corpo biológico humano sob ponto de vista pós-colonial e descolonial (CESARINO, 2015). Discussões e considerações finais: É notória, com esse trabalho, a crescente necessidade de disputa quanto aos rumos do projeto pós-humano e da era digital, uma vez que a tecnologia não pode ser tratada, como tudo da realidade social, com apelos para o essencialismo. São diante das relações que a tecnologia se remete e colide que se expõe as complexidades políticas da mesma: não é mais uma opção desconsiderarmos a emergência dessa realidade digital e “pós-humana” em nossas vidas, portanto, considerando isso, é necessário disputar os rumos desse projeto e, quizá, lutar por uma maior acessibilidade de tecnologia das classes populares, além do desmantelamento do monopólio tecnológico nas mãos dos grandes centros informáticos e tecnológicos Estatais dos países “de primeiro mundo” neoliberais, colonizadores, etnocidas e eugênicos.
Palavras-chave
Antropologia; Tecnologia; Transhumanismo Pós-colonialidade; BlackMirror