Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

Tamanho da fonte: 
A CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS : Bertha Lutz e a invisibilização das demandas feministas advindas da América Latina
Maria Eduarda Wanderley Lima

Última alteração: 2019-07-09

Resumo


A Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco em junho de 1945, entrando em vigor em outubro daquele mesmo ano, sendo o tratado que estabeleceu as Nações Unidas. A Carta foi um dos primeiros tratados internacionais a mencionar em seu texto a necessidade de igualdadede direitos entre os gêneros. Durante muito tempo, conferiu-se à Eleanor Roosevelt o protagonismo na defesa dos direitos das mulheres, inclusive pela própria ONU. No entanto,a partir de pesquisas de documentos e das memórias escritas pelas poucas mulheres presentes na Conferência de São Francisco, as pesquisadoras Elise Dietrichson e Fatima Sator atribuíram tal feito às diplomatas latino-americanas, lideradas pela cientista brasileira Bertha Lutz. Dietrichson e Sator concluíram que os discursos feministas de Lutz asseguraram o registro da igualdade de gênero na Carta. Em que pese ter sido bastante criticada pelas delegadas norte-americanas e britânicas, as quais se opuseram à maior parte das ideias feministas da brasileira, Lutz reivindicou a inclusão do direito à igualdade de gênero no documento fundador da ONU, sendo as menções aos direitos da mulher nos textos do preâmbulo 3 e do Artigo 8º 4 frutos de sua insistência. Por esse ângulo pós-colonial, o objetivo geral do presente estudo é analisar, a partir das recentes descobertas das colaborações de Lutz na criação da Carta da ONU, a invisibilização das demandas feministas dos países da América Latina e do sul global. A metodologia utilizada terá como premissa a pesquisa bibliográfica. Demais recursos como periódicos e outros documentos serão utilizados com o objetivo de possibilitar o embasamento do tema em análise. Notadamente,as contribuições e reivindicações vindas dos países do Sul são ignoradas nas relações internacionais, corroborando com a ideia de que o feminismo é um movimento originário dos países desenvolvidos do Ocidente.

 

3 “[...]na igualdade de direito dos homens e das mulheres [...]”.

4 “Artigo 8. As Nações Unidas não farão restrições quanto à elegibilidade de homens e mulheres destinados a participar em qualquer caráter e em condições de igualdade em seus órgãos principais e subsidiários”.


REFERÊNCIAS

LIMA, Sérgio Eduardo Moreira.Bertha Lutz e a criação da ONU. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/opiniao/bertha-lutz-a-criacao-da-onu-22120264>.Acesso em 10 de junho de 2019.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL.Carta das Nações Unidas. Disponível em:<https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2017/11/A-Carta-das-Na%C3%A7%C3%B5es-Unidas.pdf>. Acesso em 10 dejunhode 2019.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL.EXCLUSIVO: Diplomata brasileira foi essencialpara menção à igualdade de gênero na Carta da ONU. Disponível em:<https://nacoesunidas.org/exclusivo-diplomata-brasileira-foi-essencial-para-mencao-a-igualdade-de-genero-na-carta-da-onu/>. Acesso em10 dejunhode2019


Palavras-chave


Bertha Lutz. Carta das Nações Unidas . Direitos das mulheres. Pós - colonialismo. América Latina