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POLÍTICAS DE ACESSO À UNIVERSIDADE PARA NEGROS NO BRASIL E NA COLÔMBIA
Última alteração: 2019-07-10
Resumo
Partindo de um referencial epistemológico ancorado nas contribuições de autoresidentificados no grupo Modernidade/Colonialidade, o trabalho aqui apresentado compreendeque as relações sociais e as instituições na América Latina estão circunscritas ao padrão dedominação operado pela colonialidade do poder/saber/ser, em que a hierarquização racial seconfigura como pedra angular. As universidades no continente não escapam a essa realidade,(re) produzem o padrão de dominação em suas estruturas, suas formas e seus currículosestando, ao longo do tempo, a serviço de interesses do poder colonial, do colonialismo internoe da colonialidade global. Subalternizados racialmente, os sujeitos negros, bem como seusreferenciais culturais, se encontram sub-representados nos espaços educacionais formais,sobretudo nas universidades. Fruto da luta histórica dessa população, o reconhecimento àsdesigualdades raciais e ao racismo figura em diversas Constituições vigentes de países latinoamericanos,no entanto, essa luta ganhou maior impulso através dos movimentos realizadospara a III Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia eFormas Correlatas de Intolerância promovida pela ONU em Durban no ano de 2001, que tevecomo um de seus resultados a orientação à promoção de políticas afirmativas aos Estadossignatários. Diante de tal quadro, a partir do início do século XXI passam a ser implementadas políticas de acesso para negros nas universidades. O presente trabalho visa apresentar oandamento atual de pesquisa de mestrado que investiga tais políticas no Brasil e na Colômbia.A pesquisa compreende que paralelamente a esse movimento, a universidade enfrenta crisesde hegemonia, legitimidade e institucionalidade, que acompanham a própria crise doparadigma moderno de ciência (e da própria modernidade). Esse se torna, portanto, ummomento rico para repensar a finalidade, o objetivo e os destinatários da universidade. Deforma que trazer para a universidade outras formas de saber e outras maneiras de produção deconhecimento próprias de povos e culturas silenciados historicamente pode contribuir a essemovimento. A pesquisa adota perspectiva interdisciplinar com enfoque comparativo entre osdois países, utilizando análise documental e bibliográfica acerca dos processos de formulaçãoe implementação de tais políticas para identificar suas similaridades e diferenças, assim como,busca realizar análise crítica a partir de entrevistas semi-estruturadas a estudantesuniversitários negros, especialmente daqueles contemplados por tais políticas, para buscar emsuas vozes, quais são as suas percepções sobre possíveis mudanças ocorridas a partir daspolíticas que promovem maior acesso a negros no que diz respeito ao reordenamento dediscursos, práticas e currículos no âmbito universitário que podem contribuir para adecolonização da universidade.