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Formação continuada de Professores: pressupostos para uma prática pedagógica decolonial
Última alteração: 2019-07-08
Resumo
Considerando que o sistema educacional brasileiro é uma herança do modelo educativo colonial, procura-se discutir neste trabalho o problema da colonização, da colonialidade educacional e da decolonialidade e sua reverberação nos professores, a partir dos princípios epistemológicos do pensamento pós-colonial. Desde sua gênese, os sistemas educacionais do Brasil têm características hegemônicas, de caráter eurocêntrico e colonial, que se acomodaram a ponto de terem suas intenções validadas, ainda que assentadas em ações de feitio dominador e autoritário, ou seja, legitimadas por modelos políticos e políticas educacionais de influência europeia e norteamericana que visam o mercado menosprezando as dimensões formativa, emancipatória e humanizadora da educação. Os vigentes paradigmas educacionais no Brasil são monoculturais, atendem aos preceitos das classes dominantes e a um colonialismo interno que tende a aprofundar, ampliar e perpetuar as desigualdades e a exclusão social. Diante desse cenário, a pesquisa apresenta a seguinte questão norteadora: sendo a educação uma estratégia fundamental para a preservação de um paradigma social e político dominante, de que modo a formação continuada de professores sob o viés de uma pedagogia decolonial pode ser um instrumento privilegiado para a construção de um paradigma decolonial na educação? O objetivo consiste em analisar a abordagem da pedagogia decolonial e seus princípios para práticas de construção de indivíduos críticos e problematizadores em relação ao modelo de racionalidade que fundamenta a educação formal contemporânea, ainda subjugada à racionalidade tirânica da modernidade-colonialidade. Como aporte metodológico, a pesquisa terá características ensaísticas a partir de referências bibliográficas contemporâneas voltadas à pedagogia decolonial. Adotaremos as perspectivas de Catherine Walsh, Vera Maria Candau, Boaventura Santos e Zulmira Palermo. Pretende-se ainda apontar novos horizontes para a formação continuada de professores, sendo que as atuais formações, classificadas como “clássicas” ou “tradicionais”, excluem os professores de suas formulações e desprezam as experiências e saberes dos professores. Só conscientes de sua condição de colonizado pelo conhecimento ocidental e de que sua prática pedagógica é instrumento de manutenção e perpetuação do sistema hegemônico será possível interromper o ciclo vicioso da educação. Sem uma formação de professores insurgente, não é possível + a desconstrução da condição de dominado, exigindo esta o auto-reconhecimento e conscientização de uma posição de colonização/colonialidade por parte do pensamento social hegemônico e dominante na educação. Edificar uma pedagogia decolonial respeitando a multiculturalidade e promovendo a interculturalidade crítica é o caminho para proclamar uma transgressão à matriz colonial do poder e do saber que estão na base do sistema capitalista e dos modelos educacionais contemporâneos. A formação continuada de professores sob essas perspectivas pode ser um caminho para uma prática pedagógica decolonial, que promova a construção do conhecimento, o pensamento crítico, a autonomia do educando e a sua emancipação.