Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

Tamanho da fonte: 
A marcha indígena Xukuru: um evento político de identidade e resistência
Edigar dos Santos Carvalho

Última alteração: 2019-07-13

Resumo


Este estudo tem como objetivo refletir sobre a marcha indígena realizada, anualmente, no dia 20 de maio, na cidade de Pesqueira-PE, pelo povo Xukuru, como evento político de resistência e reafirmação da identidade indígena. A data do evento recupera, pela rede de memória sóciohistórica, o assassinato do Cacique Xicão ocorrido em 1998. Desde a morte do líder indígena, o povo Xukuru tem sido liderado pelo Cacique Marcos (filho de Xicão), que tem buscado dar continuidade à luta do pai, não apenas para garantir a demarcação de terras indígenas e respeito à cultura do povo Xukuru, mas também para garantir uma educação indígena diferenciada que respeite os valores das populações tradicionais, assim como tem buscado garantir a assistência à saúde da população indígena que mora nos aldeamentos afastados da zona urbana. Na busca de compreender a importância da marcha indígena como evento político de resistência e reafirmação do processo de identidade do povo Xukuru, utilizaremos fotografias, reportagens e vídeos sobre o evento como corpus discursivo para análise. Nosso estudo é orientado pelos princípios teóricos-metodológicos da Análise de Discurso francesa, fundada por Michel Pêcheux, na década de 60. Essa abordagem teórica se torna pertinente para orientar o estudo, pois nos permite refletir sobre as relações dos sujeitos indígenas ou não indígenas com as ideologias particulares, já que para Pêcheux ([1975] 2009), as ideologias não devem ser entendidas como ideias, mas como práticas discursivas. Nessa perspectiva, essa corrente de análise de discurso nos favorece também uma reflexão sobre o imaginário social construído sobre o indígena Xukuru, especialmente, ao considerarmos o lugar que ele ocupa na estrutura social, sobretudo, na contemporaneidade, quando os Direitos Humanos buscam garantir a proteção cultural das comunidades tradicionais. Refletir sobre as questões indígenas à luz da análise de discurso nos favorece a apontar os modos de funcionamento da memória discursiva na produção dos efeitos de sentido do que é ser índio no século 21, assim como nos possibilita compreender a rede de memórias produzida sobre as práticas discursivas de resistência política de grupos histórico e culturalmente violados.

Palavras-chave


Indígenas Xukuru; Resistência; Identidade; Análise de Discurso.