Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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VOZES QUE ESTILHAÇAM MÁSCARAS : DECOLONIALIDADE E FEMINISMO NEGRO
João Paulo da Silva

Última alteração: 2019-07-10

Resumo


Gonzalez (1984): “o lixo vai falar, e numa boa”. Legitimar as vozes daqueles que,por séculos, se viram amordaçados pelas máscaras do silêncio, em virtude da subalternização produzida pela colonização dos povos–pilar de estruturação da modernidade-é o objetivo do presente estudo. Sobre (re) organizar (re) posicionar indivíduos,a partir de lugares de fala, as vozes destoantes e contra hegemônicas do ensaio em comento são compostas por mulheres negras que, no intuito de legitimar suas dores e construírem um luta antirracista eantissexista, pensaram em critérios de opressão que vão além de marcadores unitários. Ao Conceber uma luta por direitos que não desintegra gênero, raça classe, mas que,ao contrário,pauta especificidades (sexualidade, localização geográfica) para conferir corpo aquelas que estão na base da pirâmide social (mulher negra), é importante pensar em colonialidade do poder como fonte epistêmica do saber destas mulheres. Assim, o estudo fará uso da perspectiva do feminismo negro, a exemplo de Lélia Gonzalez, Angela Davis, Sueli Carneiro,Bell Hooks, para tratar da colonialidade do ser, saber e poder. A partir das particularidades presentes na categoria mulher, o feminismo negro surge enquanto movimento insurgente dentro do movimento feminista branco,pois parte do pressuposto da impossibilidade de se pensar enquanto mulher de maneira universal.Davis (2016)aborda o'feminismo interseccional, em mulheres,raça e classe,e fundamenta a ilógica de se pensar em direitos para todas as mulheres,ao século XIX, sendo a escravidão, ainda,uma realidadeàépoca.Visará também o escrito contribuir para ampliar a visibilidade ao pensamento dessas mulheres, sobretudo, pela(des)legitimidade ainda existente as produções delas, fato este verificado pela recente tradução das obras deÂngelaDavispara o Brasil(apenas em 2015,mulheres, raça e classe foi produzido e comercializado no Brasil, tendo Davis aescrito em meados dos anos 80).A abordagem aqui feita por meio de pesquisa bibliográfica, que refutao eurocentrismo acadêmico,ao dialogar decolonialidade com o que tais autoras “amefricanas”fizeram e disseram a respeito das questões de subalternidade que as tocam e atingem todos e todas. As implicações do estudo retiram o homem branco, europeu, heterossexual e cristão do centro do saber e apresenta outras versões de fatos já difundidos quanto a produção de narrativas. Estas outras narrativas, as quais são alicerçadas pela epistemologia decolonial, se constrói por outras “mãos”, signos e verbos, que saem dos corpos de mulheres negras, vez que estas ainda têm muito a nos ensinar,assim como aduz Davis(2016): “em uma sociedade racista não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”

Palavras-chave


mulheres negras, feministas, decolonialidade