Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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O (Re)descobrimento do Outro como fator necessário para o desenvolvimento das Democracias latinas.
Raylan Francescoli dos Santos Souza

Última alteração: 2019-07-10

Resumo


A modernidade é tida como o período da história da sociedade que sucede e rompecom a Idade média, priorizando a partir de então a razão. Todavia, como destaca WalterMignolo o que chamamos de modernidade é uma narrativa criada, que contempla apenasa visão idealizada europeia, ocultando a condição sine qua non para sua concretizaçãoque foi a colonização.Nesse sentindo, é preciso pontuar a necessidade de questionar a colonização comosendo o processo em que a Europa nos modernizou. É essencial, nesta medida, contraportal entendimento com o fato de que a modernidade só se tornou possível por meio dacolonização, sem ela, sem o acúmulo de capital proporcionado por ela ou pelo poderexpresso na forma do controle das rotas comerciais, a Europa não venceria as civilizaçõesorientais, que como dito anteriormente, estavam muito mais à frente em questão dedesenvolvimento sociocultural.Assim, o que pretendemos aqui não é ignorar os fatos históricos já conhecidos,descartar a herança europeia na formação das novas sociedades americanas, mas deromper com a perspectiva da sociedade liberal que determina as características damodernidade, entre elas o processo de dominação violenta, expressões das tendênciasespontâneas do desenvolvimento natural da história, assim, a modernidade passa a sernão apenas a ordem social ambicionada, mas também a única possível.Quebrar com esse monopólio da forma com que a história é contada, passou a serum requisito necessário para que as sociedades americanas modernas, a partir dacompreensão do seu lugar de agente na história, daquele que participa da sua construção,mesmo que por meio da resistência a dominação, pudessem conhecer e enfrentar osverdadeiros problemas, que hoje, mais de cinco séculos depois do início do
1 Graduando da Faculdade de Direito do Recife (UFPE). Integrante do Grupo de Estudosafrocentrados Baobá.
empreendimento colonial, ainda impossibilitam a efetivação de suas democracias latinos-americanas, que vivem, em estado agonizante.
Nesse sentido, é preciso romper com a condição de inferioridade que nos foiimposta, a dominação colonial não foi só financeira, mas também ontológica e epistémica,por meio da criação de uma alteridade inventada, em que o outro, opositor constitutivodo Europeu, passava a ter um conjunto de características pré-definidas que acabaramimpossibilitando o desenvolvimento do ser americano. Como defende Sueli Carneiro, ooutro é aquele que através do qual o eu se constitui, mas ao mesmo tempo, ele é um nãoser humano, na medida em que o outro (colonizado), é o não europeu, o não desenvolvido,o sem humanidade, restando a pergunta o que é o ser americano?Dessa forma, é preciso romper com o encobrimento do outro e resgatar ouconstruir os elementos do ser americano, partindo não só de uma releitura de nossahistória, como também investigando processos de rompimento da matriz colonial depoder que desestruturem a colonialidade do ser e do poder, como por exemplo, o projetodesenvolvido pelo Ilê Aiyê que não só valoriza o ser negro, como também projeta essescidadãos pra disputa de espaços politicamente importantes.

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