Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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Escrevivência: a contribuição crítica decolonial das mulheres negras para os direitos humanos
Ana Camila de Oliveira

Última alteração: 2019-07-10

Resumo


Quando analisamos as construções e os debates em torno dos Direitos Humanos, vemos que apesar de todos os avanços as mulheres negras não se encontram incluídas e suas contribuições sociais, políticas e epistemológicas são silenciadas pelo racismo e sexismo. O objetivo geral é uma análise da escrevivência como mudança epistêmica nas produções científicas hegemônicas, no que tange as pesquisas em Direitos Humanos e o problema de pesquisa está pautado em: como a escrevivência pode contribuir para os estudos de Direitos Humanos? O aporte metodológico utilizado é o método dedutivo, pois partimos de um estudo geral sobre Direitos Humanos para a particularidade das produções das mulheres negras (FREITAS, 2013). As autoras usadas como referência são: Audre Lorde (1977); Conceição Evaristo (2006; 2018); Djamila Ribeiro (2017); e Lélia Gonzalez (1983). Conforme Audre Lorde (1977), por um lado as mulheres negras são visíveis, enquanto que por outros foram feitas de invisíveis pela despersonalização do racismo. “Existe um olhar colonizador sobre nossos corpos, saberes, produções e, para além de refutar esse olhar, é preciso que partamos de outros pontos. De modo geral, diz-se que a mulher não é pensada a partir de si, mas em comparação ao homem” (RIBEIRO, 2017 p.35). Dessa forma, a contribuição crítica decolonial das mulheres negras para os estudos de Direitos Humanos parte da escrevivência, termo cunhado por Conceição Evaristo (2006), que significa a escrita de um corpo a partir de uma vivência negra no Brasil, ou seja, a mulher negra escrevendo a partir da sua vivência na sociedade brasileira, pois nas palavras de Lélia Gonzalez (1983, p. 225) “o fato é que, enquanto mulher negra, sentimos a necessidade de aprofundar nessa reflexão, ao invés de continuarmos na reprodução e repetição dos modelos que nos eram oferecidos pelo esforço de investigação das ciências sociais”. Podemos concluir que partindo da premissa de que os estudos envolvendo Direitos Humanos ainda estão submersos na europeização e colonialidade, como pontos epistemológicos centrais das construções cientificas, vemos que as produções de conhecimento das mulheres negras estão em uma posição subalternizada. Pensar a escrivivência hoje é romper com a hegemonia e pensar a decolonialidade dos Direitos Humanos a partir das mulheres negras para se produzir espaços democráticos, pois “a nossa escrevivência não é para adormecer os da Casa Grande, e sim para incomodá-los em seus sonos injustos” (EVARISTO, 2018, acesso em: 14/06/2019).

Palavras-chave


Escrevivência. Mulheres Negras. Direitos Humanos. Epistemologia. Decolonialidade.