Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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ECOLINGUÍSTICA E DECOLONIALIDADE INDÍGENA NO SERTÃO PERNAMBUCANO: UMA PROPOSTA INTERCULTURAL NA EDUCAÇÃO, POR MEIO DA LINGUAGEM
Vera Lucia Santos Alves

Última alteração: 2019-08-14

Resumo


Há, em todos os níveis de ensino básico decolonial indígena, no sertão pernambucano, duas vertentes: uma está ligada à matriz comum do Ministério de Educação, cujo trabalho se dá com o material didático-pedagógico distribuído pelo governo do estado; a outra acontece dentro da proposta intercultural, nas aldeias em que as aulas são ministradas por professores da etnia, os quais atuam com educação escolar específica e decolonial. Esta exige  o uso do território, a produção de material específico e próprio do povo, além de visitas às autoridades da comunidade. Nesse aspecto de produção paralela aos livros distribuídos pelo MEC, identificamos, em conversas com docentes indígenas, que a base epistemológica do material didático-pedagógico produzido por estudantes e docentes nas aldeias ainda se encontra em processo de formação. Por essa razão, o objetivo desta pesquisa ébuscar traços epistemológicos comuns entre a educação decolonial indígena e a Ecolinguística, que se constituiu como a relação entre língua e o meio ambiente social do indivíduo. Utilizamoscomo teoria-metodológica a Análise do Discurso Ecológica (ADE) e suas categorias- a ecologia da interação comunicativa (EIC), os atos de interação comunicativa (AIC),  as regras interacionais e sistêmicas, os três ecossistemas da língua (mental, natural e social), os três elementos da EFL (P-L-T), a endoecologia e a exoecologia -, visto que, baseados nos estudos de Couto (2007), reiteramos que a diversidade do ambiente social é o locus de fortalecimento identitário proposto na Linguística Ecossistêmica, elemento que muito bem se articula à interculturalidade proposta nos eixos da educação decolonial. Considerando que o preceito desta é pensado não como um substitutivo da chamada educação tradicional, mas uma “reexistência” de sujeitos negados pela epistemologia do saber eurocêntrico, conforme estudos realizados pelo grupo Modernidade/ Colonialidade (2010) - outra base teórica deste trabalho-,  observamos que a fundamentação da educação intercultural indígena , suas interações sociais, que muito interessa à ADE, direciona à possibilidade de a  Ecolinguística poder se colocar como teoria-metodológica na elaboração do material para o ensino nas escolas indígenas.