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ESSAS ÁRVORES QUE TEIMAM EM FLORESCER TODOS OS ANOS NO OUTONO E NÃO NA PRIMAVERA. UM ESTUDO DE COMO O PENSAMENTO COLONIAL SE REVELA NO ENSINO DE ARTES.
Última alteração: 2019-08-07
Resumo
Nos propomos a entender como ou se o ensino colonial se revela no ensino de artes nas aulas do primeiro ano do ensino fundamental em um colégio de classe média da Zona Norte de Recife, Pernambuco, partir do estudo de campo nessa instituição. O estudo de campo constitui de observação das aulas de artes, desenhos e materiais utilizados e produzidos pelas professoras e estudantes. Usando para tal, a chave da recolonização, ou seja, da corrente de pensamento que identifica a colonialidade que está impregnada na vida social e política de nossos países (latino americanos e do sul geopolítico), produzindo os caminhos culturais necessários para a ofensiva capitalista extractivista contemporânea e a recomposição patriarcal da vida coletiva. (Aguilar, pág 14. 2018) Dessa maneira, produzindo uma forma de recolonização na contemporaneidade. Nossos principais referenciais teóricos são: Silvia Riveira Cuisicanqui, Bell Hooks e Grada Kilomba. A pesquisa nasce do espanto gerado por uma árvore florida no mês de maio em São Paulo: Pode uma árvore florescer no outono? Ao nos indagarmos sobre aquele estranhamento, entendemos que não eram as árvores que estavam fora de época, mas o ensino que havia turvado o nosso olhar de observadoras, havíamos aprendido regras e tabelas, mas não havíamos aprendido a nos inquietar com o mundo a nossa volta. Não nos dizem que branco é melhor, mas aprendemos que o lápis bege é o cor da pele e que todas as outras tonalidades estão fora do padrão. Não aprendemos que as árvores que florescem em nossas cidades são desreguladas, mas crescemos desenhando sol no verão, folhas caídas no chão no outono, neve no inverno e flores na primavera. E nossas realidades vão parecendo cada vez mais fora do lugar. Como entender um local que não neva no inverno? Como iremos reconhecer e nos identificar com o lugar em que habitamos se a ludicidade da escola se baseia em outro local? Assim, nos propomos a descrever como o ensino colonial se revela a partir do acompanhamento do ritual de aula e materiais produzidos pelos/as estudantes, é um dos passos necessários para que, como professores/as, possamos pensar um ensino que rompa com essa lógica. Consideramos este esforço significativo, pois nós, enquanto professores/as, fomos formados/as numa lógica colonial e, muitas vezes, faltam-nos outros parâmetros para rompê-la. E assim, também nos propomos a problematizar caminhos e alternativas ao professor e professora que busque praticar um ensino anticolonial. Bibliografia Recolonizacion em Bolivia. Neonacionalismo extractivista y resistência comunitária. Gaya Makaran/ Pabel López, autores. México: Centro de Investigaciones sobre America Latina y el Caribe – Universidad Nacional Autónoma sde México; Bajo Tierra. 2018