Última alteração: 2019-07-30
Resumo
Esta pesquisa destina-se a refletir sobre as ações desenvolvidas pelo Movimento de Cultura Popular (MCP) enquanto um lócus de produção de saberes descoloniais para a formação de jovens e adultos. A discussão proposta considera as intersecções entre a educação, arte e cultura como elementos imbricados na história do processo de uma educação que possibilita a compreensão das feridas deixadas e causadas pelo colonialismo, apresentando-se, assim, este Movimento como um espaço descolonial dos conhecimentos eurocêntricos. A fundamentação teórica que embasa este trabalho é instituída com base em teóricos(as) descoloniais: Ramón Grosfoguel (2007), Walter Mignolo (2008), Fidel Tubino (2012), Catherine Walsh (2012), Osmar Fávero (2006), Paulo Freire (2015), João Francisco de Souza (2002), entre outros. A construção do objeto de pesquisa se dá a partir da compreensão da importância de refletir as ações mobilizadas pelo Movimento de Cultura Popular da cidade do Recife que pensavam a educação a partir da arte e da cultura popular, elementos para conscientização das marcas da exclusão colonial e alternativo à superação desses processos de dominação. Considerando a relação das ações desenvolvidas pelo MCP no contexto da arte e da cultura popular emergiu a seguinte questão de pesquisa: Como o MCP apresentou-se como um movimento de saberes descoloniais para a superação das marcas do colonialismo na Educação de Adultos, na cidade do Recife? O objetivo geral da pesquisa consiste em: compreender como o MCP apresentou-se como um movimento de saberes descoloniais para a superação das marcas do colonialismo na Educação de Adultos, na cidade do Recife. Esta pesquisa trata-se de uma pesquisa qualitativa, parte de um estudo mais ampla em andamento. Através de uma revisão de literatura, buscaremos construir algumas aproximações sobre os assuntos em questão. Partimos do pressuposto de que os saberes que acompanham a Educação de Jovens e Adultos evidenciam uma ferida colonial, pela qual estes sujeitos foram silenciados e marginalizados até os dias atuais. No entanto, a educação, a arte e a cultura, que também sofrem tentativas de silenciamento, possibilitam a conscientização dos sujeitos para que se percebam enquanto sujeitos principais da produção de saberes e compreendam os diversos processos de exclusão gestados ao longo dos tempos. Nessa perspectiva, o Movimento de Cultura Popular significou um lócus descolonial de saberes para a conscientização dos sujeitos em relação ao seu protagonismo, apresentando ainda um pensar alternativo ao enfrentamento das diversas formas de opressão. Os resultados parciais apontam que as ações do MCP preocupavam-se com uma educação construída através do diálogo, numa perspectiva intercultural, que possibilitasse a conscientização da população e para que fosse construído um cenário educativo, social e político favorável a todas as pessoas. No campo da Educação de Jovens e Adultos, as ações do MCP voltavam-se para uma educação construída através do diálogo, que possibilitasse a conscientização da população de maneira sensível educativa, social e política, na qual a arte e a cultura assumiam a condição de potências criadoras e formativas, saberes outros e descoloniais.
Palavras-chaves: Movimento de Cultura Popular; Recife; Cultura; Educação de Jovens e Adultos. Descolonialidade.