Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

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O SABER LITERÁRIO DE J. BORGES: EPISTEMICÍDIO E PEDAGOGIA DESCOLONIAL EM QUESTÃO
Hidelbrando Lino de Albuquerque, Mário De Farias Carvalho

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


O objetivo deste estudo é refletir em que medida a obra de J. Borges dimensiona uma perspectiva descolonial dos saberes na Literatura Popular brasileira. O problema eleito gira em torno da seguinte questão:  os saberes que emergem da obra do xilogravurista J. Borges contribuem para pensar sobre novas formas de resistência ao epistemicídio gestado pela colonialidade na literatura? A lente teórica escolhida foi guiada a partir de teóricos descoloniais em detrimento da corrente do pensamento eurocêntrico hegemônico, especialmente: Ramón Grosfoguel (2007); Walter Mignolo (2008), Fidel Tubino (2012) e Catherine Walsh (2012). Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, que tomou por base a análise da obra de J. Borges, instrumentalizada a partir de uma análise de conteúdo (BARDIN, 2000). Partimos do pressuposto de que a imposição de uma única religião, língua, educação e concepção literária, realça, nos dias de hoje, o pensamento eurocêntrico dominante, este que tem provocado, desde a época da colonização, um verdadeiro epistemicídio. Esta ferida colonial presente na cultura, na língua e nas artes, por meio da imposição do pensamento moderno cristão e do racionalismo moderno também invisibiliza os saberes literários populares. No entanto, a literatura e a cultura popular, enquanto estratégias de resistência epistemológica à colonialidade, encontram na arte maneiras de se reinventar por meio da tradição oral que é característica da Literatura Popular. Possibilita reconhecer, por meio da obra de artistas populares, como J. Borges, a importante contribuição destes conhecimentos para a descolonização dos saberes. As conclusões parciais do estudo permitem cogitar que as produções de J. Borges concebem diferentes imagens à resistência epistemológica à colonialidade do saber a partir da Literatura Popular. Ainda, que a luta contra o cânone literário estabelecido contribui, atualmente, para o resgate de saberes populares ricos em símbolos que povoam o imaginário do nordeste brasileiro, os quais são revelados em sua produção artística por meio dos cordéis e xilogravuras. São saberes que, no Brasil, apontam para uma pedagogia descolonial presente na obra de J. Borges.

Palavras-chave


Pedagogia Descolonial; J. Borges; Literatura Popular brasileira.