Portal de Conferências da Unicap, IV Seminário Internacional Pós-Colonialismo, Pensamento Descolonial e Direitos Humanos na América Latina

Tamanho da fonte: 
EPISTEMOLOGIAS DE RESISTÊNCIA: Colonialismo e a atuação dos Movimentos Sociais LGBTTQI em El Salvador
Thales Silva de Oliveira, Lucas Gomes Medeiros

Última alteração: 2019-07-25

Resumo


O estudo das Relações Internacionais tradicionais costuma trazer como principalfoco as questões relacionadas as práticas Estatais, sendo esta uma disciplina bastanteembebida dos estudos econômicos, políticos e estratégicos no sentido de contribuir paraa compreensão do comportamento da política externa dos Estados (JACKSON;SØRENSEN, 2007).Essa visão, por fim, contribui para uma epistemologia de relações internacionaisque em muito corresponde aos princípios de racionalidade científica e empirismo, o qualsegundo Walter Mignolo (2004) tratam-se de abordagens descendentes do que o autordenomina de revolução científica da modernidade, esta que compreende o triunfo dosideiais eurocentrados das teorias sociais no marco histórico do Iluminismo.Para Mignolo (2004) a modernidade, enquanto está estruturalização dos ideaiscientíficos do iluminismo é sustentada pelo que o autor chama de colonialidade, existeentão um “triunfo da modernidade, na perspectiva da modernidade, uma autocelebraçãoque ocorreu em paralelo com a crença emergente na supremacia da ‘raça branca’(MIGNOLO, 2004 p. 670). Esse processo se dá justamente por que, segundo o autor, amodernidade foi exercida enquanto colonialidade do poder e do saber e, comoconsequência da colonialidade do ser.A Colonialidade do Saber, pode ser entendida através do que aborda WalterMignolo (2004) ao promover uma leitura que questiona a suposta ideia de racionalidadeno contexto da modernidade ocidental, esta que determina as práticas de produção deconhecimento de forma a ser negada a viabilidade de todas as outras formas deconhecimento.
1 Mestrando em História pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE);2 Mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A virada teórica pós-colonial contribui para este processo de entender osmovimentos sociais do Sul político principalmente através da denúncia das diversaslimitações que a noção de racionalidade e distanciamento na prática da pesquisa e daprodução de conhecimento. Uma das categorias que melhor contribui para adesconstrução destas noções é o conceito de geopolítica do conhecimento trazido porMaldonado-Torres (2010) onde o mesmo aponta que a ideia de imparcialidade tende areproduzir uma cegueira a respeito dos modos não-europeus de pensar e da relaçãocolonial/imperial.
É levantado então, através das óticas pós-coloniais e dos estudos latino-americanos sobre sociedade civil e movimentos sociais, as questões que tangem aos
movimentos de sociedade civil das populações de Lésbicas, Gays, Transgêneros,Travestis, e Intersexuais (LGBTI) de El Salvador e da experiência destes com afomentação de políticas sociais através da educação popular.O país tem se destacando na construção e afirmação política dos direitos LGBTIna região do istmo centro-americano ao criar uma Divisão de Diversidade Sexual naSecretaria de Inclusão Social do país (ARÉVALO, 2015) desmistificando as usuaismetanarrativas sobre América Central. É nesse sentido, de entender as possibilidades deresistência em um contexto colonial, que se prioriza a principal problemática deste artigo,o qual visa entender, por fim, o papel dos movimentos e organizações da sociedade civilno dito avanço político do país no que se tange a direitos LGBTI.