Última alteração: 2019-07-18
Resumo
A presente proposta de comunicação tem por objetivo discutir o modo como a ressignificação de masculinidades e de violência é trabalhada discursivamente no gênero sessão de grupo socioeducativo. Tais grupos se vinculam a políticas públicas de assistência social, articuladas ao sistema judiciário, e atendem homens autores de violência contra a mulher, numa cidade do Sul do país. Participam das sessões: duas psicólogas/facilitadoras, um assistente social/facilitador e os referidos homens/participantes (média de 10 por sessão). Teoricamente, a pesquisa ancora-se em estudos sobre masculinidades, especialmente acerca daquelas construídas a partir de modelos coloniais, vinculadas a diferentes tipos de violências (BOURDIEU, 2010; CHAUÍ, 1985; CONNELL, 2003; WELZER-LANG, 2001; VIGARELO, 2013 etc.); e agencia como instrumental analítico central a perspectiva da Análise Crítica de Gêneros discursivos (BAKHTIN, 2003; BONINI, 2004; 2007; 2010; 2011; 2013; CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2001; 2003; MEDIVÉDEV, 2016; VOLOCHINOV, 2014 etc). Em termos metodológicos, trata-se de uma análise crítico-qualitativa, que mobiliza instrumentos etnográficos e elege como dado central as transcrições de 12 sessões do grupo, geradas ao longo de doze meses de observação em campo, totalizando cerca de 18 horas de gravação em áudio. Para a presente comunicação, apresento dois excertos desses dados gerais que tratam especificamente: i) do fato de a problematização de aspectos de modelos de masculinidades hegemônicas ocorrer na voz de homens que protagonizaram atos de violência conjugal; ii) da posição de co-construtores/as das masculinidades, via co-construção das narrativas de si, que o/as facilitador/as ocupam em relação aos participantes e iii) do fato de o/as próprio/as facilitador/as tomarem a si mesmos e suas práticas como foco de ressignificação a partir das discussões que circundam a prática do grupo.