Última alteração: 2019-07-26
Resumo
Com este trabalho nos propusemos à reflexão motivada pela prática no Coletivo de Educação Território Popular. Pela vivência no coletivo, percebemos que mesmo os conteúdos mais rígidos e as exigências mais concretas (como as provas do vestibular da UFRGS e do ENEM) podem ser permeados por discussões socialmente relevantes. Atentamos para a experiência de que os debates em sala de aula e nos demais espaços formativos do coletivo, suscitam discussões muito mais abrangentes, e que pode ser justamente neles que se propulsione a autonomia para pensar criticamente o entorno. Podemos pensar que a escola é um espaço de autolibertação e descoberta, capaz de proporcionar momentos de reencontro - nesse caso específico, com a identidade étnica que nos é negada a partir do momento que ingressamos nas instituições colonizadas/colonizadoras.
O comum é aprendermos no ambiente escolar tudo o que necessário para exercer a cidadania patriótica que nos é exigida; a conformidade com o padrão circunscrito às fronteiras que contêm também modelos de “ser humano” e da própria humanidade. Sendoassim, pedagogias insurgentes sociogênicas (WALSH, 2005) devem auxiliar no processo de construção de espaços de reconhecimento, de transformação da condição colonial, para que através de ações práticas e conjuntas possa haver a coexistência consciente das diferentes formas de conceber o humano, fomentando ambientes com corpos e menteslivres, “preservando em todas suas relações o respeito para valores básicos que constituem o mundo humano” (FANON, 1967, p. 222).
Para tanto, a construção cotidiana do Coletivo Território Popular busca através dapresença renovar a todo instante os pactos “anti-coloniais”, trazendo à baila oquestionamento acerca de como podemos apostar em um processo que rompa com estruturas sociais instituídas e como podemos nos ferramentalizar para isso. Nossas práticas buscam sustentar a organicidade como um método inerente à proposta de uma educação popular emancipadora. Lançamos mão de ferramentas como uma grade de horários que contempla períodos interdisciplinares, espaços formativos para docentes, assembleias, participação em eventos difundidos pela cidade, entre outros, para, desse modo, atualizarmos rotineiramente as discussões decoloniais. Insistimos, assim, em uma caminhada que carrega um projeto de decolonialidade, que não se encerra em si mesmo, e sim que convoca a presença coletiva.