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Toda ocupação é um Quilombo” – Um olhar descolonial sobre o processo de revalorização da memória e do pensamento de Beatriz Nascimento pelos movimentos sociais em Sergipe.
Última alteração: 2019-07-10
Resumo
O trabalho tem como objetivo fazer uma crítica a respeito do processo de constituição da categoria “Intelectual” no pensamento social brasileiro, em especial na formação dos intelectuais negros e negras. A partir de uma abordagem que se utiliza de outras epistemologias e saberes descoloniais, apresentamos a importância do pensamento social afrodiaspórico na construção da intelectualidade negra e do pensamento social brasileiro. Para situar o problema, apresentamos o pensamento e trajetória de vida de Beatriz Nascimento (1942-1995), intelectual negra sergipana, especialmente sobre suas teses em torno dos “Quilombos” contemporâneos (terreiros, comunidades quilombolas, favelas, ocupações, etc), enquanto territórios de maioria negra, de resistência e de ressignificação da identidade negra no plano terreno. A partir disso, apresentamos dois momentos: um primeiro, de esquecimento do pensamento de intelectuais negras, como o de Beatriz, no campo da produção acadêmica; e, um segundo, mais recente, marcado por um processo de revalorização e redescoberta, não apenas do seu pensamento, mas também de outros tantos intelectuais, negros e negras do Brasil, como instrumento de compreensão das relações raciais, do racismo, da integração e da resistência cultural da população negra. O processo de redescoberta do pensamento e memória de Beatriz Nascimento, em Sergipe, acontece de maneira bastante peculiar, pois ultrapassa as barreiras dos espaços acadêmicos tradicionais e passa a ser ressignificado através da luta dos movimentos sociais. Daremos atenção especial ao caso do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Sergipe, que possuem uma ocupação em Aracaju/SE, a qual leva seu nome (“Ocupação Beatriz Nascimento”), e que possui maioria de população ocupante negra. O trabalho apresenta uma abordagem teórica com referenciais do pensamento descolonial e afrodiaspórico, além da utilização de material documental e pesquisa participante sobre o pensamento de Beatriz Nascimento e sobre a Ocupação estudada.